Um antropólogo na educação
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-7939.2016v1n1p91Palavras-chave:
Antropologia educacional, Educação, BiografiaResumo
A biografia não deve ser entendida como uma sucessão de fatos completamente singulares e aleatórios, uma vez que, por meio dela podemos ter acesso a questões mais amplas que tangenciam as experiências sociais narradas, mais que isso, a análise biográfica nos permite reconhecer a indissociabilidade entre indivíduo e sociedade, entendidos aqui não como polos opostos. Através da narrativa de meu próprio percurso enquanto antropólogo na educação, proponho-me a desenvolver uma reflexão em torno do campo da Antropologia da Educação no Brasil, o qual compreendo está ainda em formação, ocupando um lugar periférico na agenda de pesquisas da Antropologia brasileira, indicando algumas tensões existentes e a necessidade de engajamento de antropólogos nessa discussão, e de pesquisadores com formação em educação, mas que reconhecem a relevância das discussões antropológicas para a educação. Além de destacar os percalços encontrados no processo de inserção no campo educacional, almejo elucidar questões que entendo serem pertinentes para se compreender a relação entre a Antropologia e a Educação, apontando elementos que nos possibilitem pensar em que a ciência antropológica pode contribuir para a pesquisa em educação, bem como para a formação de professores, partindo do pressuposto que a Antropologia constitui um dos “fundamentos teóricos da educação”.
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