Identidade e identificação racial de estudantes negros na UFMG: da experiência como avaliados a avaliadores nos procedimentos de heteroidentificação
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-7939.2025.v10.52801Palavras-chave:
Educação Superior, Heteroidentificação, Identidade racial, Políticas de cotas, Subjetividade negraResumo
O artigo analisa as experiências de estudantes negros ingressantes por cotas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), focalizando os impactos subjetivos e identitários decorrentes dos procedimentos de heteroidentificação racial. A pesquisa parte da seguinte questão: como esses estudantes atribuem sentidos à sua identidade racial e à sua identificação a partir das experiências nesses procedimentos? A partir de entrevistas e grupos focais com quinze estudantes cotistas, a investigação revela que tais procedimentos produzem efeitos ambíguos — desde insegurança e medo até fortalecimento identitário. O referencial teórico dialoga com autores como Frantz Fanon, Stuart Hall, Achille Mbembe e Neusa Santos Souza, para compreender como o racismo estrutural molda a subjetividade negra. Os resultados indicam que a vivência nas bancas, especialmente a transição de avaliados a avaliadores, atua como um dispositivo educativo e político, contribuindo para a reconfiguração da identidade racial dos sujeitos e sua atuação na política de cotas. A pesquisa aponta para a necessidade de políticas institucionais que considerem a complexidade da identidade racial no ensino superior.
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