Medicalização para a escola: o que se espera de uma criança?
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-7939.2024v9n4p944Palavras-chave:
Infância, Medicalização infantil, Patologização da escola, Diagnósticos psicopatológicos em criançasResumo
Este artigo objetiva problematizar a crescente demanda das escolas por avaliação médica para as crianças, cujos comportamentos fogem do que é esperado pela instituição. Assim, explora a crescente medicalização de crianças e sua relação com o contexto escolar, por meio de revisão bibliográfica, complementada pela apresentação de duas vinhetas clínicas. Ao longo da discussão são apresentados fatores culturais e históricos que influenciam os conceitos de normalidade e patologia, e como estes se alteram ao longo do tempo, afetando práticas médicas e educacionais. Destaca-se o aumento no uso de psicofármacos e na incidência de diagnósticos de transtornos psicopatológicos em crianças, considerando a influência das escolas na construção dessas percepções e na demanda por serviços de saúde. Percebe-se, através do percurso percorrido, que a ênfase na medicalização traz impactos significativos não somente às crianças, mas também no papel dos educadores e da instituição escolar. A medicalização retira da criança a possibilidade de lidar com suas questões e retira também do professor o lugar do seu saber. Dessa forma, ignora-se o poder transformador do ambiente escolar. Entende-se que o papel da escola vai além de apenas identificar sintomas de patologias. É também um espaço para escuta, elaboração e transformação.
Downloads
Referências
ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Boletim de Farmacoepidemiologia 2. Brasília: ANVISA, 2012. Disponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/33868/3418264/Boletim+de+Farmacoepidemiologia+n%C2%BA+2+de+2012/c2ab12d5-db45-4320-9b75-57e3d4868aa0. Acesso em: 14 de fevereiro de 2024.
BRUM, Eliane. O doping das crianças. Eliane Brum desacontecimentos, [s. l.], 25 fev. 2013. Disponível em: http://elianebrum.com/opiniao/colunas-na-epoca/o-doping-das-criancas/ Acesso em: 14 fev. 2024.
CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2018.
CAPONI, Sandra. Vigiar e medicar: o DSM-5 e os transtornos ubuescos na infância. In: CAPONI, Sandra; VALENCIA, Maria Fernanda Vazqués; VERDI, Marta (org.). Vigiar e medicar: estratégias de medicalização da infância. São Paulo: LiberArs, 2016. p. 29-46.
CORDIÉ, Anny. Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com fracasso escolar. Porto Alegre: Penso, 2004.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GUARIDO, Renata.; VOLTOLINI, Rinaldo. O que não tem remédio, remediado está?. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 239-263, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-46982009000100014 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-46982009000100014
JERUSALINSKY, Julieta.; MORENO, Marcia Innocêncio; PIMENTEL, Fernanda de Almeida. A era da palmatória química e da camisa de força tarja preta: medicalização versus reconhecimento do sofrimento psíquico da criança na poliz. In: CATÃO, I. (org.). Mal-estar na infância e medicalização do sofrimento: quando a brincadeira fica sem graça. Salvador: Agálma, 2020. p. 175-201.
PANDE, Mariana Nogueira Rangel; AMARANTE, Paulo Duarte de Carvalho. O ‘efeito cinderela’ dos psicofármacos: uma leitura crítica a partir de Robert Whitaker. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 41, n. 115, p. 1233-1235, out. 2017. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/sdeb/2017.v41n115/1233-1235/pt. Acesso em: 17 mar. 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104201711520
ROUDINESCO, Elisabeth. Por que a psicanálise? Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.
SILVA, Orfila Rafaela Trindade da; SILVEIRA, Michele Marinho da. O uso de psicofármacos por crianças e adolescentes em um Centro de Atenção Psicossocial Infantil. Infarma-Ciências Farmacêuticas, Brasília, v. 31, n. 3, p. 210-218, 2019. DOI: https://doi.org/10.14450/2318-9312.v31.e3.a2019.pp210-218 DOI: https://doi.org/10.14450/2318-9312.v31.e3.a2019.pp210-218
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Monica Campos de Oliveira, Clara Powaczruk Affonso da Costa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os artigos publicados na Revista Educação em Análise estão sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, garantindo Acesso Aberto. Deste modo, os autores mantêm os direitos autorais de seus trabalhos e, em caso de republicação, solicita-se que indiquem a primeira publicação nesta revista. Essa licença permite que qualquer pessoa leia, baixe, copie e compartilhe o conteúdo, desde que a devida citação seja feita. Além disso, autoriza a redistribuição, adaptação e criação de obras derivadas em qualquer formato ou meio, incluindo uso comercial, desde que a atribuição à revista seja mantida.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.