Mulheres paulistanas no Prouni: mediações entre a universidade e a precariedade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2019v24n3p213

Palavras-chave:

Prouni, Lulismo, Relações de gênero, Classes sociais, Precariedade

Resumo

O presente artigo pretende discutir o lugar de precariedade de mulheres paulistanas contempladas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) no ensino superior privado, comparando dois perfis caracterizados por área ocupacional, idade e localização do campus universitário de uma grande instituição de ensino privado de São Paulo. Criado no ano de 2005 pelo governo Lula, o Prouni se firmou como uma política pública cujo propósito de formar mão de obra qualificada abriu espaço para que 1,4 milhão de pessoas de classes baixas chegassem ao ensino superior privado até 2014. Com base em entrevistas inéditas e no trabalho de campo desenvolvido entre os anos de 2012 e 2014, trabalhamos metodologicamente como um estudo de caso ampliado,com o objetivo de mapear as trajetórias de vida e as visões de mundo cultivadas por essas mulheres diante de temas centrais em seus lugares de classe: o trabalho, a educação, a mobilidade e, evidentemente, as relações sociais de sexo. Em cada grupo, a precariedade se apresenta em suas especificidades, em que a flexibilização ressignifica a própria heterogeneidade do mercado de trabalho brasileiro.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Henrique Costa, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Doutorando em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Referências

ABREU, A. Especialização flexível e gênero: debates atuais. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 52-57, 1994.

ALMEIDA, . M. Ampliação do acesso ao ensino superior privado lucrativo brasileiro: um estudo sociológico com bolsistas do Prouni na cidade de São Paulo. 2012. Tese de doutorado (Doutorado em Sociologia - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

BRAGA, R A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista. São Paulo: Boitempo, 2012.

BRUSCHINI, C.; LOMBARDI, M. R. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 110, p. 67-104, 2000.

BURAWOY, M. The extended case method: Four countries, four decades, four great transformations and one theoretical tradition. Berkeley: University of California Press, 2009.

CALDEIRA, T. P. R. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34: Edusp, 2000.

CARDOSO, A. Transições da escola para o trabalho no Brasil: persistência da desigualdade e frustração de expectativas. Dados, Rio de Janeiro, v. 51, n. 3, 2008.

CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 2015.

CASTRO, B. As armadilhas da flexibilidade. São Paulo: Annablume, 2016.

COSTA, H. Entre o lulismo e o ceticismo: um estudo de caso com prounistas de São Paulo. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

DIEESE - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. O mercado de trabalho formal brasileiro: resultados da RAIS 2013. São Paulo: DIEESE, 2014.

FELTRAN, G. S. Periferias, direito e diferença: notas de uma etnografia urbana. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 53, n. 2, 2010.

GEORGES, I. Trajetórias profissionais e saberes escolares: o caso do telemarketing no Brasil. In: ANTUNES, R.; BRAGA, R. (org.). Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009. p. 213-230.

GUIMARÃES, N. A.; BRITTO, M. Desemprego, padrões de trajetória e segregação em São Paulo e Paris. In: COSTA, A. O; SORJ, B; BRUSCHINI, C.; HIRATA, H. (org.). Mercado de trabalho e gênero: comparações internacionais. São Paulo: FGV, 2008, p. 69-87.

GUIMARÃES, N. A.; PAUGAM, S. Work and employment precariousness: a transnational concept? Sociologia del Lavoro, v. 144, p. 55-84, 2016.

HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

HIRATA, H.; KERGOAT, D. Os paradigmas sociológicos à luz das categorias de sexo: qual a renovação da epistemologia do trabalho? In: BAÇAL, S. (org.). Trabalho, educação, empregabilidade e gênero. Manaus: EDUA, 2009. p. 173-189.

KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

LINHART, D. Modernização e precarização da vida no trabalho. In: ANTUNES, R. (org.) Riqueza e miséria do trabalho no Brasil. Vol. 3. São Paulo: Boitempo, 2014.

LIMA, M. R. Acesso à universidade e mercado de trabalho: o desafio das políticas de inclusão. In: MARTINS, H. H. T. S.; COLLADO, P. A. (org.). Trabalho e sindicalismo no Brasil e Argentina. São Paulo: Hucitec; Mendoza: Universidad Nacional de Cuyo, 2012. p. 91-111.

PAULANI, L. A crise do regime de acumulação com dominância da valorização financeira e a situação do Brasil. Estudos Avançados, vol. 23, n. 66, São Paulo, p. 25-39, 2009.

PEREIRA, L. Classe operária: situação e reprodução. São Paulo: Duas Cidades, 1978.

POCHMANN, M. Nova classe média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira. São Paulo: Boitempo, 2012.

SILVA, L. A. M. Sociabilidade violenta: por uma interpretação da criminalidade contemporânea no Brasil urbano. Sociedade e Estado, vol. 19, n. 1, p. 53-84, 2004.

SINGER, A. Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

SOUZA-LOBO, E. A classe operária tem dois sexos: trabalho, dominação e resistência. 2. ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2011[1991].

TELLES, V. S. Mutações do trabalho e experiência urbana. Tempo Social, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 173-195, 2006.

VENCO, S. Centrais de Teleatividades: o surgimento dos colarinhos furta-cores? In: ANTUNES, R.; BRAGA, R. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009. p. 153-171.

Downloads

Publicado

2019-12-11

Como Citar

COSTA, H. Mulheres paulistanas no Prouni: mediações entre a universidade e a precariedade. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 24, n. 3, p. 213–226, 2019. DOI: 10.5433/2176-6665.2019v24n3p213. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32716. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos