Políticas Públicas sobre a Saúde Menstrual no Brasil: Olhares pelas Lentes dos Movimentos Sociais da Menstruação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2024v29n1e49150

Palavras-chave:

menstruação, Feminismo, saúde da mulher, política pública, ativismo

Resumo

O objetivo deste artigo é demonstrar como a pauta da menstruação esteve, por décadas, fora da agenda pública. Mesmo tendo sido criado recentemente o Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual, as pautas ampliadas em torno da menstruação, propostas por ativistas menstruais e militantes pela dignidade menstrual, permanecem fora do debate e das políticas públicas, que centralizam suas ações na distribuição de absorventes higiênicos. Por meio de metodologias de revisão narrativa e análise documental, realizou-se um levantamento das políticas públicas para a saúde das mulheres, dos projetos de lei sobre a dignidade menstrual e da atuação de movimentos sociais da menstruação no Brasil. Como resultado, observa-se que as políticas públicas sobre menstruação podem ser beneficiadas ao se incorporarem às reivindicações dos movimentos sociais analisados, com vistas à equidade de gênero, à emancipação de meninas, mulheres e demais pessoas que menstruam e, ainda, para a superação do tabu menstrual.

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Biografia do Autor

Isabel Cristina de Almeida Prado, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)

Mestra em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2017). Doutoranda em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente pelo Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ/RJ).

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Publicado

2024-03-22

Como Citar

PRADO, I. C. de A. Políticas Públicas sobre a Saúde Menstrual no Brasil: Olhares pelas Lentes dos Movimentos Sociais da Menstruação. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 29, n. 1, p. 1–17, 2024. DOI: 10.5433/2176-6665.2024v29n1e49150. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/49150. Acesso em: 28 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê