v. 13 n. 25 (2018)

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Relatos de viagem: sobre vagares e andanças, perambulagens e travessia

Quando Ana Tetamanzy nos convidou para organizar o novo número da Revista Boitatá, Relatos de Viagem: sobre vagares e andanças, perambulagens e travessias, eu e Mesac Silveira marcamos um vinho no final da tarde para conversarmos sobre esta aventura: Éramos dois viajantes em um arquipélago de Ítalo Calvino. Estávamos flutuando em um ponto invisível da Cidade Baixa durante o verão de Porto Alegre. Confessávamos os nossos encantamentos pelas suspensões que as viagens proporcionam e o quanto isso atravessava o nosso fazer artístico, intelectual e de gente-viva. Eu comentei que era possível comparar o conceito de Ricardo Piglia sobre uma boa história sempre contar duas histórias: Uma aparente e outra submersa. E no nosso caso, a viagem aparente e todas as outras viagens submersas que tocam o impossível intento de o estrangeiro apenas ir e voltar de um lugar. Nenhuma viagem é inocente e tudo macula e marca, nós segredamos naquela noite. Poderíamos pensar nas viagens como um deslocamento sem o abrigo seguro do conhecido, e todas as poéticas que surgem da experiência. Mesac disse:  Uma coisa que eu não sabia era que a viagem, a grande viagem, tem data para começar (ou nem isso), mas não termina nunca. Porque a alma fica viciada em travessias, enfeitiçada por deslocamentos. O transitar se impregna no corpo de tal forma que até o pequeno trajeto numa cidade familiar pode ganhar contornos de odisseias. O doméstico torna-se selvagem porque o instinto da viagem aflorou permanentemente, aí os olhos estranham o familiar e os demais instintos se aguçam até diante do conhecido.

 

    Adriana Jorgge e Mesac Silveira (Orgs.)

Publicado: 2018-11-05

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