Uma viagem entre mundos: Iracema, a formosa tapuia e Supplément au voyage de Bougainville

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2018v13.e35137

Palavras-chave:

Mulher Indígena, Romantismo, Iluminismo, Literatura Oral.

Resumo

O locus feminino no romance Iracema, de José de Alencar, referindo-se à postura indígena frente ao português Martim Soares Moreno, retrata o enfoque da corrente indianista brasileira no século XIX. Marcada pelo nacionalismo, a fim de tematizar as tradições do nativo e as belezas naturais do Novo Mundo, o nativo entra em íntima relação com a figura rousseauniana do bon sauvage (BOSI, 1992) e submissão ao europeu pelo amor ou amizade que causou. Por outro lado, no âmbito da literatura oral de traço indígena, o poema A formosa Tapuia apresenta uma negação da protagonista Tapuia ao europeu, atrelado às suas formas culturais e opressões. Essa postura de enfrentamento é apreciada no século XVIII pelo filósofo Denis Diderot no Supplément au Voyage de Bougainville por meio de uma nativa taitiana, chamada Thia, com comportamento parecido ao da Tapuia por se mostrar autêntica na luta pela felicidade e asseguração das tradições locais. Assim, partindo do pressuposto de que as três nativas apresentam vivências conectadas, este artigo visa analisá-las em comparação para revelar as tensões criadas pelo discurso indígena feminino, numa viagem entre mundos (LUGONES, 2008), com ponto de partida nas decisões de resistência e dominação do amor.