Boitatá https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata <p>A Revista <strong>Boitatá</strong> (ISSN 1980-4504) é uma publicação semestral vinculada a Universidade Estadual de Londrina (UEL), de acesso livre, do GT de Literatura Oral e Popular da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL). Ela tem por objetivo principal disseminar trabalhos inéditos decorrentes de produções científicas de pesquisadores nacionais e estrangeiros que investigam as poéticas orais e a literatura popular. </p> GT de Literatura Oral e Popular da Anpoll /UEL pt-BR Boitatá 1980-4504 <p><strong>Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre</strong></p> <p>Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:</p> <p>Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.</p> <p>Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.</p> <p>Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).</p> <p>Este obra está licenciado com uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0">Creative Commons Attribution CC-BY 4.0 International</a></p> <p><img src="https://ojs.uel.br/revistas/uel/public/site/images/elainearvelino/mceclip0-57438cb626e75448a44f718641cfde9c.png" /></p> São João do folclore e mangericos: uma representação memorialística do folclore amazônico https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/40584 <p>Gerado a partir de uma leitura analítica do poema “São João do Folclore e Mangericos”, do poeta paraense Bruno de Menezes, publicado no livro <em>Batuque</em>, em 1931, este trabalho está pautado no pensamento de Aleida Assmann, em <em>Espaços da recordação</em> (2011), sob a abertura do retorno ao passado para compreensão a situações do presente, marcadas pela transitoriedade do fazer poético que traspassa o tempo em atualização constante. Nesse sentido, há no poema uma abordagem aos festejos que acontecem na quadra junina, em Belém do Pará, retratados numa narrativa memorialística, que proporciona a avaliação do lugar social de um tempo passado, com a apresentação de características dessa manifestação folclórica, originada na fusão de culturas que contribuíram para a formação do povo amazônico, evidenciando-se as peculiaridades do habitante formado pela mistura entre o índio, o colonizador português e pelas etnias africanas. Essas culturas originaram identidade(s) híbrida(s) na Amazônia, mas especificamente na cidade de Belém, um dos primeiros núcleos urbanos fundados na região, tornando-se um dos principais pontos de partida para a difusão dessas manifestações em outros locais da região. Considera-se ainda, o processo de mudança das tradições populares, em decorrência das modificações do tempo, mostrado saudosamente no final do poema.</p> Edvaldo Santos Pereira Copyright (c) 2022 Boitatá https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-10-17 2022-10-17 17 33 9 18 10.5433/boitata.2022v17.e40584 A poesia oral de um sábio da floresta: fragmentos e diálogos https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/45517 <p>No presente artigo pretende-se trazer à tona fragmentos da poesia oral, daimista, amazônica de Luiz Mendes, um sábio ancião da/na Amazônia acreana. Objetiva-se ainda realizar uma breve análise cultural em diálogo ético com tal repertório, entendido aqui como repertório de resistência. O documento oral constitui o cerne da pesquisa realizada e da escrita aqui apresentada; e é em diálogo com ele (e, consequentemente, com o narrador e sua cultura) bem como com diversos autores, que se torna possível apreciar questões que dizem respeito às características, relações e embates de/entre linguagens e culturas; oralidades e escrituras; tradições e traduções; memórias e narrativas; corpo, voz, letra, performance.... Enfrenta-se o desafio de (no interior e a partir de um estudo acadêmico) escutar, transcrever, ler, analisar e tecer representações escritas de notas de uma obra viva de poesia oral amazônica ayahuasqueira, sem incorrer no erro de folclorizá-la.</p><p> </p> Fernanda Cougo Mendonça Copyright (c) 2022 Boitatá https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-10-17 2022-10-17 17 33 19 34 10.5433/boitata.2022v17.e45517 A palavra cantada nos rituais da união do vegetal https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/46727 <p>Compondo uma pesquisa mais ampla, o presente artigo pretende estudar as poéticas orais presentes nos rituais do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (CEBUDV), a partir do uso da “música <em>lato sensu</em>”. Tal assunto, embora seja de interesse do universo acadêmico, “tem recebido pouca atenção da literatura até o momento” (LABATE &amp; PACHECO, 2009, p. 14).&nbsp; Assim música e experiência religiosa instigam esse trabalho, tendo como foco a União do Vegetal, que é uma religião de fundamentação cristã reencarnacionista, criada na floresta amazônica, por José Gabriel da Costa, que utiliza em seus rituais um Chá de nome Hoasca, também chamado de Vegetal, considerado sagrado por seus adeptos (outras religiões ou grupos que fazem uso dessa bebida a intitulam de Ayahuasca, um termo que se popularizou no meio acadêmico e na mídia). Sob efeito desse Chá, durante os rituais, os participantes das Sessões de Vegetal entram em um estado ampliado de consciência em que podem ter a oportunidade de receber revelações, através de mirações ou de um mergulho profundo na memória, possíveis de provocar transformações em suas vidas. Esses rituais são organizados, desde a origem desta instituição, de forma a privilegiar a tradição oral, buscando “desenvolver a memória”. Nesse contexto, a música se faz presente, formando uma antologia própria dessa religião, seja através das Chamadas — categoria nativa que designa uma espécie de cânticos sagrados evocados durante os rituais —, seja através de seleção criteriosa de algumas canções do universo popular brasileiro. Para auxiliar nessa empreitada, serão utilizadas, como base teórica, as ideias de Edil Silva Costa, Hampate BA, Paul Zumthor, Jean-Noël Pelen, dentre outros que compõem essa vasta epistemologia sobre as poéticas orais e sobre as religiões Ayahuasqueiras.</p> Neila Tatiane Santana da Cruz Fariello Edil Silva Costa Copyright (c) 2022 NEILA TATIANE SANTANA DA CRUZ FARIELLO, Edil Silva Costa https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-10-17 2022-10-17 17 33 35 46 10.5433/boitata.2022v17.e46727 Web Rádio Palafita: Quais vozes falam pelo Dique da Vila Gilda em Santos – SP? https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/46729 <p>O objetivo maior do projeto Rede de Informação Comunitária do grupo de pesquisa Mediações Telemáticas da área de Comunicação da PUC-SP, iniciado em 2017, foi implantar a web rádio Palafita na maior favela de palafitas da América Latina, o dique da Vila Gilda, localizada em Santos – SP, pela criação e produção de conteúdos de mídia livre, alternativos aos veiculados pelas mídiais hegemônicas locais. O Dique é uma área periférica marcada pela cultura caiçara, dos habitantes tradicionais do litoral, formados a partir da miscigenação entre índios, brancos e negros e pela imensa quantidade de imigrantes, principalmente nordestinos, que ali se estabeleceram depois da construção das rodovias Anchieta e Imigrantes. São mais de 6 mil famílias que vivem em condição visualmente insalubre para o olhar externo, mas que, quando nos aproximamos e passamos a conviver com os moradores, percebemos quão diferente é a opinião deles a respeito do mesmo lugar. Depois de três anos de aproximação e parceria com o instituto Arte no Dique e com a Escola Estadual Francisco Meira, somente agora, nós, pesquisadores, estamos começando a, de fato, ouvir e entender as vozes, apreendendo os códigos e as poéticas vocais ali presentes. No processo de escuta da pluralidade de suas vozes, é interessante notar o quanto as vozes dominantes de traficantes e líderes políticos e religiosos, pincipalmente pastores, influenciam de forma implícita os códigos de comportamento e como, do ponto de vista do consumo, moradores, principalmente moradores jovens, utilizam as mesmas marcas presentes em outros territórios da cidade, onde a faixa de renda dos moradores é maior. Outro ponto em relação aos jovens é que eles entendem TV, rádio e outdoor como mídia, mas celular como tecnologia, ou seja, há uma separação clara para eles que parte do critério de qual suporte eles dominam. E é a partir do recorte da relação entre oralidade, suporte midiático móvel, território e juventude, que esse artigo (apresentação) se desenvolverá.&nbsp; Para entender a relação das mutações vocais dos moradores a partir da sua interação com os suportes tecnológicos da web rádio, acionaremos os pensamentos de Carmen L. José, Jerusa P. Ferreira, Ivana Bentes e Jaílson de Souza e Silva, entre outros autores.</p> Maria Golobovante Copyright (c) 2022 Maria Golobovante https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-10-17 2022-10-17 17 33 47 55 10.5433/boitata.2022v17.e46729 Entre o conto e o canto https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/47110 <p>O presente artigo analisa as inter-relações entre o tema e as memórias que tecem as narrativas orais cantadas pelos mestres urbanos de Carimbó e narrativas contadas repercutidas no município de Belém do Pará e catalogadas no acervo IFNOPAP-O imaginário das formas narrativas orais populares da Amazônia paraense. Compreendendo-se o tema da narrativa como o conjunto de motivos que se relacionam na teia narrativa para a construção e transmissão de um conteúdo, a memória permeia e alinhava a tessitura da narrativa, ressignificando valores, ideologias e transmitindo conhecimentos plurais. Afinal, quais memórias subjazem às narrativas contadas hoje pelo indivíduo urbano e/ou em ambiente urbano? Como as memórias social e individual se manifestam nas narrativas cantadas e contadas? As narrativas orais contadas presentes nesse artigo foram pré-selecionadas do banco de dados do acervo e as narrativas cantadas foram catalogadas em pesquisa de campo no município de Belém do Pará, a partir de entrevistas realizadas com três (3) mestres urbanos de Carimbó, para perceber o tanto quanto possível da intensa relação de suas experiências com o ritmo do Carimbó. A partir desta investigação, foram estabelecidos diálogos com as narrativas contadas, cujos temas e memórias ora persistem, ora se interseccionam pelas recriações nas narrativas.</p> Natasha de Queiroz Almeida Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões Copyright (c) 2022 Natasha de Queiroz Almeida, Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-12-06 2022-12-06 17 33 56 69 Cinderela e Rapunzel https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/45746 Sabemos que os contos de fadas da tradição ocidental, como aqueles escritos pelos irmãos Grimm, estabelecem diálogos intertextuais com suas releituras contemporâneas, seja na literatura, seja no cinema. Sabemos também que essas releituras, muitas vezes, lançam um novo olhar sobre os textos tradicionais, proporcionando atualizações diversas, as quais estão ligadas às necessidades do contexto social em que estão inseridas. Com isso em mente, o objetivo deste artigo é promover uma reflexão acerca do feminino em dois contos clássicos escritos pelos Grimm, a saber, “Rapunzel” e “Cinderela”, de forma que seja possível, então, compará-los às adaptações cinematográficas <em>Enrolados </em>(2011) e<em> Caminhos da Floresta</em> (2015), visando com isso compreender e analisar se o papel feminino foi usado para reiterar ou romper estereótipos de gênero. Em última análise, desejamos contribuir com os estudos cujo foco é o universo dos recontos (releituras de contos de fadas clássicos) presentes na literatura e, mais especificamente, nas mídias digitais da contemporaneidade, como o cinema, os quais nos permitem observar se e como o contexto social provocou mudanças no enredo e na caracterização das personagens femininas (e masculinas), aproximando-se ou distanciando-se de suas fontes. Inessa Rosa de Amorim Guilherme Augusto Louzada Ferreira de Morais Copyright (c) 2022 Boitatá https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-12-06 2022-12-06 17 33 Palmas, pandeiros e cantorias: a poesia oral do samba de roda nas cantigas de batuque https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/45595 Este trabalho, recorte de uma pesquisa maior acerca da configuração do samba de roda, objetiva discutir a poesia oral do samba de roda do Grupo Pinote, com ênfase nas cantigas de batuque. A análise que propomos se pauta nos aspectos formais, temáticos e performáticos das cantigas, com o intuito de entender os jogos de estilo e de sentido construídos pelos sambadores, em uma poética em que corpos, vozes e percussão amalgamam a existência de um coletivo e sua relação com o público, no seio ontológico da roda de samba. O escopo teórico que embasa o nosso trabalho enlaça as discussões de: Zumthor (1993, 2010, 2014), Silva (2014) e Fernandes (2007, Araújo (2015) e Santana (2014), o <em>Dossiê do samba de roda do Recôncavo Baiano </em>(BRASIL, 2006), Döring (2016), e Exdell (2017). Os pressupostos metodológicos deste trabalho pautaram-se na Etnometodologia, na perspectiva de Haguette (2010) e Watson e Gestaldo (2015). Como procedimento de análise das cantigas, amparamo-nos na Análise de Conteúdo, a partir de Franco (2008). Luciano Santos Xavier Denise Dias de Carvalho Sousa Copyright (c) 2022 Boitatá https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2022-12-06 2022-12-06 17 33