A voz indígena e a educação esquecimento nas obras Antes o mundo não existia e Meu querido canibal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2019v14.e38689

Palavras-chave:

Esquecimento, Alteridade, Aprendizagem, Indígenas, Educação

Resumo

Este trabalho tem como tema central a presença/ausência da outridade indígena como parte de um discurso colonial no âmbito escolar, cuja pedagogia perpetua um imaginário de invisibilidade com a alteridade. Apesar de a escola ser um espaço de aprendizagem que desenvolva a consciência social, também privilegia um discurso dominante e homogêneo. O esquecimento evidencia-se ainda mais após a análise estatística de leituras obrigatórias de obras literárias nos últimos vestibulares. Nos processos seletivos de 2017, 2018 e 2019 das Universidade Federais do Sul do Brasil, verificou-se que nenhuma das instituições exigem leituras para reflexões políticas e estéticas de identidades indígenas. Com base em teorias coloniais, educacionais, culturais, as obras contemporâneas Antes o Mundo Não Existia (1995), de Tõrãmu Kehirí e Meu Querido Canibal (2000), de Antônio Torres ressaltam sobretudo a relação entre a luta dos povos indígenas e uma luta simbólica contra o esquecimento e a submissão aos signos colonizantes.

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Biografia do Autor

Alisson Preto Souza, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

PhD student in Letters at UFRGS

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Publicado

2019-12-15

Como Citar

Souza, A. P. (2019). A voz indígena e a educação esquecimento nas obras Antes o mundo não existia e Meu querido canibal. Boitatá, 14(27), 25–37. https://doi.org/10.5433/boitata.2019v14.e38689