Memórias do povo Tupinambá: histórias sobre o caboclo Marcelino

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DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2019v14.e35200

Palavras-chave:

povo Tupinambá, memórias, Caboclo Marcelino

Resumo

Os indígenas da nação Tupinambá de Olivença vivenciam muitas histórias de resistência que se mantêm vivas nas memórias dos mais velhos, sendo contadas oralmente pelos anciões no âmbito dessas comunidades. Algumas dessas narrativas foram registradas na obra Anciões em Contos e Encontros, organizada por Alessandra Mendes e Jaborandy Tupinambá. O livro apresenta um mosaico de narrativas de quatorze anciões, composto por relatos memorialísticos e contos tradicionais. Em suas histórias, muitos sábios relembram a figura do Caboclo Marcelino. Este nativo foi uma liderança indígena que reivindicou, durante o período da década de 1930, os direitos territoriais de sua comunidade, sendo por isso perseguido pela polícia local e visto como bandido pelos coronéis da região. Nessa época, as vozes dos nativos foram silenciadas, sendo necessário presentificá-las hoje, por meio da escrita, para que a história seja escovada a contrapelo, como propõe Benjamin (1985). Tomando como ponto de partida as histórias registradas em Anciões em Contos e Encontros, pretende-se analisar como os anciões retratam o Caboclo Marcelino em suas narrativas orais e a importância de rememorar esse personagem histórico para o povo Tupinambá. Por meio da análise dessas narrativas, busca-se ainda divulgar a relevância dessa liderança indígena para o fortalecimento da identidade Tupinambá.

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Biografia do Autor

Randra Kevelyn Barbosa Barros, Universidade do Estado da Bahia

Mestranda no em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Elizabeth Gonzaga de Lima, Universidade do Estado da Bahia

Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens (PPGEL), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

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Publicado

2019-12-15

Como Citar

Barros, R. K. B., & Lima, E. G. de. (2019). Memórias do povo Tupinambá: histórias sobre o caboclo Marcelino. Boitatá, 14(27), 83–93. https://doi.org/10.5433/boitata.2019v14.e35200