As tramas do mito da b(ô)ta nos (des)caminhos do romance Marajó, de Dalcídio Jurandir

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2018v13.e35740

Palavras-chave:

B(ô)ta, Romance Marajó, Narrativa oral, Amazônia.

Resumo

O presente estudo tem como foco a B(ô)ta no romance Marajó de Dalcídio Jurandir, enquanto representação da figura feminina do imaginário amazônida. Nesse caminho, propõe-se a analisar esta figura mítica dotada de poderes zoomórficos no contexto das narrativas orais coletadas por Wanzeler (2014) na comunidade de Tentém, área rural do município de Cametá, região Nordeste do Estado do Pará, Brasil. E estabelecer um contraponto ao narrado por Dalcídio Jurandir no romance Marajó. O procedimento metodológico segue o da História Oral, com pressupostos da abordagem fenomenológica, a partir das memórias individuais colhidas por meio da entrevista oral semiestruturada e método de análise de conteúdo. No plano teórico, o estudo mobiliza uma bibliografia que incorpora as contribuições de Cascudo (1972 e 2002), Loureiro (2000) e Wanzeler (2014) para contextualizar a narrativa da b(ô)ta em seus diferentes significados e auxiliar na compreensão do que representa a personagem Orminda, em Jurandir (2008). Em sua concepção empírica, nas narrativas orais coletadas, a b(ô)ta transfigura-se em mulher e, como na forma animal, carrega a expressão do desejo, da volúpia, do gozo inexplicável que só pode ser arrancado a força. Orminda, em Marajó, é uma personagem bastante peculiar para representar a b(ô)ta como será analisado neste artigo.

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Biografia do Autor

Haelton Antônio Serrão de Carvalho, Universidade Federal do Pará/Campus Cametá

Mestrando em Computação Aplicada pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

Josebel Akel Fares, Universidade do Estado do Pará

Doutora pela PUC-SP e professora na Universidade do Estado do Pará

Robervânia de Lima Sá Silva, IFPA/Campus Castanhal

Doutoranda em Ensino de Língua e Literatura pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Zaline do Carmo dos Santos Wanzeler, Instituto Federal do Pará

Mestra em Educação pela Universidade do Estado do Pará e Professora do IFPA/Campus Castanhal.

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Publicado

2018-12-15

Como Citar

Carvalho, H. A. S. de, Fares, J. A., Silva, R. de L. S., & Wanzeler, Z. do C. dos S. (2018). As tramas do mito da b(ô)ta nos (des)caminhos do romance Marajó, de Dalcídio Jurandir. Boitatá, 13(26), 67–77. https://doi.org/10.5433/boitata.2018v13.e35740