O estatuto mítico e a dimensão argumentativa em narrativas de enterro produzidas em comunidades quilombolas
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2021v16.e44642Palavras-chave:
Narrativa oral, Narrativa de enterro em comunidade quilombola, Estatuto mítico, Dimensão argumentativa, Aspectos retóricos.Resumo
Neste artigo, discutimos como a construção de mitos se articula à dimensão argumentativa em narrativas orais, mais especificamente em narrativas de enterro, as quais habitam o imaginário da cultura quilombola e se referem ao enterramento de um tesouro por entidades míticas, as quais, considerando as qualidades dos indivíduos da comunidade, revelam-lhe não só a existência da riqueza, mas também o local onde ela está enterrada e as instruções necessárias ao resgate. O corpus analisado tem sido estudado por Borges (em andamento) e foi coletado em oito comunidades quilombolas do Baixo Tocantins - PA: Itabatinga, Itapocu, Laguinho, Mola, Taxizal, Tomázia, Frade e Laguinho. As bases teórico-metodológicas fundamenta-se na Teoria da Argumentação no Discurso (AMOSSY, 2016, 2020), que propõe a noção de dimensão argumentativa como um efeito de sentido projetado pelo enunciador, que pretende não a adesão explícita do enunciatário a uma tese, mas tão somente lhe alterar os modos de ver e de sentir; na noção de mito proposta por Chauí (2020); nos estudos acerca das narrativas de enterro desenvolvidos por Fernades (2007). As análises demonstram que enunciador e narrador mobilizam operações argumentativas e retóricas para divulgar e estimular valores éticos e morais importantes para a sobrevivência e resistência da comunidade.
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