Memória, voz e autoria em Os sapatos de Té, de Cremilda e Elisabete Nascimento
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2020v15.e41058Palavras-chave:
Memória, Oralidade, Vozes femininas, SubalternizaçãoResumo
Ao ler Os Sapatos de Té, de imediato, evidencia-se que as histórias ali narradas são contadas por mais de uma voz. O processo que compõe este livro é interessante, pois são as contações da mãe, Cremilda, escritas pela filha, a escritora Elisabete Nascimento. Através das memórias e das vozes que protagonizam a obra, somos levados a conhecer uma outra versão da história considerada como a oficial do país. A partir dos possíveis diálogos com as teorias de Michael Pollak, Laura Cavalcante Padilha e Spivak, iniciamos este breve estudo, analisando a memória como elemento fundamental para a composição da narrativa e também importante para o protagonismo da mulher negra, que se assume, aqui, um papel de griot, trazendo a sua versão da história, denunciando a pobreza, a desigualdade, o racismo, a escravidão e dando visibilidade às vozes da Baixada Fluminense do estado do Rio de Janeiro. A intenção, desse breve estudo, é colaborar com a visibilidade de algumas dessas vozes.
Métricas
Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. (Trad. Paulo Bezerra). São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Vol. 1. Fatos e Mitos. Tradução de Sérgio Milliet. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
BEAUVOIR, Simone deO segundo sexo. Vol. 2. A Experiência Vivida. Trad. Sérgio Milliet. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, W. et al. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 63-81.
CANDIDO, Antonio. Direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 1988.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos feministas 1, p. 171-189, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2002000100011&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 17 jun. 2019.
FONSECA, Maria Nazareth Soares. Costurando uma colcha de memórias. In:
EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2006.
GAMBA, S. B. Diccionario de estúdios de género y feminismos. Buenos Aires: 2009. Disponível em: https://www.aacademica.org/tania.diz/18.pdf. Acesso em: 29 mar. 2020.
HOOKS, bell. Mulheres negras revolucionária: nos transformando em sujeitas. In: Olhares Negros: Raça e Representação. São Paulo: Elefante, 2019.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogá, 2019.
NASCIMENTO, Cremilda Mizael. Os sapatos de Té: a filha do reino das águas de Deolinda e Antônio. Org. Elisabete Nascimento e Bruno Luiz da Silva Nascimento. 1. ed. Rio de Janeiro: Quartica, 2015.
PADILHA, Laura Cavalcante. Entre voz e letra: o lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. 2. ed. Niterói: EdUFF, Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2007.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos, v. 2, n. 3. Rio de Janeiro, 1989.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar?. Tradução Sandra Regina Goulart Almeida et al. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Boitatá esta licenciada com CC BY sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito e prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.