Vozes poéticas: performance e memória nas narrativas cotidianas do Rio do Engenho (Ilhéus/Bahia)
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2014v9.e31662Palavras-chave:
Performance, Memória, Práticas cotidianas, Literatura, Rio do EngenhoResumo
Este estudo objetiva analisar as narrativas orais do Rio do Engenho, que são produzidas no cotidiano da comunidade, nas suas práticas simbólicas. Trata-se de um estudo desenvolvido interdisciplinarmente no espaço da Literatura Comparada onde são estabelecidas convergências conceituais da teoria e crítica literárias, da nova história e dos estudos da cultura. Parte-se de uma pesquisa bibliográfica, relacionando questões sobre performance (ZUMTHOR, 2000; FERNANDES, 2002; ALCOFORADO, 2002), memória (NORA, 2004; HALBWACHS, 2006; FERREIRA, 2004; POLLACK, 1989) e práticas simbólicas (CERTEAU, 1998; IPHAN, 2000.). Por meio da pesquisa de campo, foram feitas a recolha dos relatos e depoimentos através do método da história oral (PORTELLI, 1989). O tratamento desses relatos e depoimentos foi fundamentado na concepção de testemunho (MOREIRAS, 2001; LEMAIRE, 2002) enquanto formas primárias de manifestação cultural. A pesquisa permitiu verificar que as narrativas orais podem ser entendidas como uma síntese de processos sociais e culturais, de um passado compartilhado pela comunidade; podem ser consideradas como representação das práticas cotidianas, das tradições e vivências coletivas. Assim, essas narrativas são expressões literárias consideradas lugares de memória (NORA, 2004) por suas referências simbólicas e culturais, e por revelarem momentos de convivências, integração social e sociabilidade.
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