A oralidade no impresso: o 'eu-nós lírico-político' da literatura indígena contemporânea

Autores

  • Julie Dorrico Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32958

Palavras-chave:

Tradição, Literatura Indígena, Voz-práxis, ‘Eu-nós lírico-político’.

Resumo

Este artigo versa sobre a emergência da literatura indígena contemporânea no país, buscando mostrar a qualidade estética adveniente desde a oralidade e fazendo-se presente na literatura impressa dos diferentes escritores indígenas. Nosso argumento central consiste em defender que a literatura indígena apresenta a ancestralidade como matéria para a expressão estética e a violência histórica enquanto matéria para resistência, possibilitando um trânsito entre os dois mundos: o da oralidade, em que os saberes, os rituais, os cantos fazem parte da cultura indígena fundamentalmente oral até o século XXI; e o do impresso, onde a expressão oral faz-se presente somando-se ao estilo criativo dos escritores na contemporaneidade. Esta literatura apresenta caracteres específicos, tais como a evocação da pessoa singular ‘eu’ indissociável do coletivo étnico ‘nós, e a expressão literária ‘lírica’ evoca a resistência ‘política’. Por isso, defendemos o conceito do ‘eu-nós lírico-político’ na conjuntura literária indígena, justificando uma voz-práxis que protagoniza a presença e a atuação do indígena desde si mesmo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Julie Dorrico, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Doutoranda em Teoria da Literatura na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Referências

BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.

BARRA, Cynthia de Cássia Santos. Literaturas de autoria indígena e revitalização das línguas indígenas. In: BOMFIM, Anari Braz; COSTA, Francisco Vanderlei Ferreira da (Org.). Revitalização de língua indígena e educação escolar indígena inclusiva. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia/EGBA, 2014.

BEHR, Héloïse. A emergência de novas vozes brasileiras: uma introdução à literatura indígena no Brasil. In: MELLO, Ana Maria Lisboa de; PENJON, Jacqueline; BOAVENTURA, Maria Eugenia. Momentos da ficção brasileira. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2017, p. 259-279.

BENITES, Tonico. A escola na ótica dos Ava Kaiowá: impactos e interpretações indí- genas. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2012.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne Marie Gagnebin. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BICALHO, Charles. Yãmîy maxakali: um gênero nativo de poesia. In: Aletria, v. 16, jul-dez, p. 119-132, 2007.

CÉSAR, América Lúcia Silva. Lições de Abril: a construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA, 2011.

COSTA, Suzane Lima. Povos indígenas e suas narrativas autobiográficas. In: Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 50, p. 65-82, jul-dez., 2014.

COSTA, Suzane Lima; KARIRI, XUCURU-KARIRI, Rafael. Conversações sobre povos indígenas em práxis autobiográficas, In: Pontos de Interrogação, Bahia, v.4, n.2, jul./dez., 2014.

DALCASTAGNÉ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Vinhedo: Editora Horizonte, 2012.

D'ANGELIS, Wilmar da Rocha. Como nasce e por onde se desenvolve uma tradição escrita em sociedades de tradição oral? Campinas, SP: Curt Nimuendajú, 2007.

DANNER, Leno Francisco; DORRICO, Julie. A literatura indígena como crítica da modernidade: sobre xamanismo, normatividade e universalismo – notas desde A queda do céu: palavras de um xamã yanomami de Davi Kopenawa e Bruce Albert. In: O eixo e a roda, Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p. 129-156, 2017.

FINNEGAN, Ruth. O significado da literatura em culturas orais. In: QUEIROZ, Sônia (Org). A tradição oral. FALE: MG, 2006.

GRAÚNA, Graça. Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2013.

JEKUPÉ, Olívio. Literatura escrita pelos povos indígenas. São Paulo: Scortecci, 2009.

KLINGER, D. I. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa latino-americana contemporânea. 2006, 204 f. Tese (Doutorado em Letras) – Programa de Pós-Graduação de Letras: Instituto de Letras, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ Rio de Janeiro, 2006.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

LIMA, Amanda Machado Alves de. O livro indígena e suas múltiplas grafias, 2012. 154 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários, Universidade de Minas Gerais, 2012.

LIMA, Antônio Carlos de Souza; BARROSO, Maria Macedo (Org.). Povos indígenas e universidades no Brasil: contextos e perspectivas, 2004-2008. 1. ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2013.

MUNDURUKU, Daniel. Memórias de índio: uma quase autobiografia. Porto Alegre: Edelbra, 2016.

NEUMANN, Eduardo. De letra de índios cultura escrita e memória indígena nas reduções dos guaranis do Paraguai. In: Varia História, Belo Horizonte, v. 25, n. 41, p. 177-196, jan./jun, 2009.

PERES, Julie Stefane Dorrico. Autoria e performance nas narrativas míticas indígenas amondawa. 2015, 97f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários), Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, Rondônia, 2015.

RISÉRIO, Antônio. Palavras canibais. In: Revista USP, São Paulo, n.13, p. 26-43, mar./abr./mai. 1992.

RISÉRIO, Antônio. Oriki orixá. São Paulo: Perspectiva, 1996.

Downloads

Publicado

2017-12-27

Como Citar

Dorrico, J. (2017). A oralidade no impresso: o ’eu-nós lírico-político’ da literatura indígena contemporânea. Boitatá, 12(24), 216–233. https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32958

Artigos Semelhantes

1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.