Sociologia da religião: comentário a um balanço sobre a produção do conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n1p263Palavras-chave:
Sociologia da religião, Conhecimento científico, Balanço de área, MetodologiaResumo
Este artigo é um comentário a um balanço, feito por um grande expoente da sociologia da ciência, que, comparando os estudos de religião, criminalidade e mobilidade social, afirma que a sociologia da religião não avança a partir de acúmulo de reflexão teórica interna, sedimentação do conhecimento ou progressos metodológicos. Discordando parcialmente de tal perspectiva, o texto proposto apresenta uma leitura alternativa que aponta algumas particularidades da referida área. Para tanto, são trazidas revisões sobre a sociologia da religião e, ainda que transversalmente, dois debates bem conhecidos: o da secularização e o da contínua vitalidade da religião. Ao final, defende-se que a sociologia da religião não se abstém de discutir o estado de sua produção intelectual, mas que pode se tornar ainda mais robusta se, se inspirar no modo como pesquisas têm sido realizadas em outros campos disciplinares.Downloads
Referências
ALMEIDA, Ronaldo; BARBOSA, Rogério Jerônimo. Transição religiosa no Brasil. In: ARRETCHE, Marta (Org.). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo: UNESP/CEM, 2015. p. 335-364.
BECKFORD, James A.; DEMERATH III, N. J. The sage handbook of the sociology of religion. Londres: Sage, 2007.
CAMPOS, Leonildo Silveira. Os mapas, atores e números da diversidade religiosa cristã brasileira entre 1940 e 2007. REVER: Revista de Estudos da Religião, São Paulo, v. 8, p. 9-47 dez. 2008.
CAMURÇA, Marcelo. Da “boa” e da “má vontade” para com a religião nos cientistas sociais da religião brasileiros. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 67-86, 2000.
CASANOVA, José. Public religions in the modern world. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.
CASANOVA, José. Rethinking secularization: a global comparative perspective. The Hedgehog Review, Charlottesville, v. 8, n. 1-2, p. 7-22, 2006.
CLARKE, Peter B. The oxford handbook of the sociology of religion. New York: Oxford University Press, 2011.
DILLON, Michele. Handbook of the sociology of religion. New York: Cambridge University Press, 2003.
EDGELL, Penny. A cultural sociology of religion: new directions. Annual Review of Sociology, Palo Alto, v. 38, p. 247-265, 2012.
EVANS, John H. The creation of a distinct subcultural identity and denominational growth. Journal for the Scientific Study of Religion, Carbondale, v. 42, n. 3, p. 467-477, 2003.
FREITAS, Renan Springer de; RIBEIRO, Ludmila. Avanços e perspectivas da sociologia no Brasil: uma abordagem comparativa. Revista Brasileira de Sociologia, Aracaju, v. 1, n. 2, p. 69-114, 2013.
HERVIEU-LÉGER, Daniele. O peregrino e o convertido: a religião em movimento. Petrópolis: Vozes, 2008.
HERVIEU-LÉGER, Daniele; WILLAIME, Jean-Paul. Sociologia e religião. São Paulo: Ideias & Letras, 2009.
IANNACCONE, Laurence R.; FINKE, Roger; STARK, Rodney. Deregulating religion: the economics of church and state. Economic Inquiry, Long Beach, v. 35, n. 2, p. 350- 364, 1997.
JACOB, Cesar Romero et al. Atlas da filiação religiosa e indicadores sociais no Brasil. Rio de Janeiro: PUC; São Paulo: Loyola, 2003.
KOENIG, Harold G.; KING, Dana E.; CARSON, Verna Benner. Handbook of religion and health. New York: Oxford University Press, 2012.
LUCKMANN, Thommas. The invisible religion: the problem of religion in modern societies. New York: MacMillan, 1967.
MARIANO, Ricardo. Mudanças no campo religioso brasileiro no Censo 2010. Debates do NER, Porto Alegre, v. 14, n. 24, p. 119-137, 2013a.
MARIANO, Ricardo. Sociologia da religião e seu foco na secularização. In: PASSOS, João Décio; USARSKI, Frank (Org.). Compêndio de ciência da religião. São Paulo: Paulinas: Paulus, 2013b. p. 231-242.
MARIANO, Ricardo. Sociologia do crescimento pentecostal no Brasil: um balanço. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 43, n. 119, p. 11-36, 2011.
MARTIN, David. On secularization: towards a revised general theory. Burlington: Ashgate, 2005.
MARTINS, Carlos Benedito; MARTINS, Heloísa Helena Teixeira de Souza. Horizontes das ciências sociais no Brasil. São Paulo: ANPOCS, 2010.
MICELI, Sérgio (Org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995): antropologia. Sumaré, SP: ANPOCS; Brasília: CAPES, 1999.
MOCELLIM, Alan Delazeri. O reencantamento do mundo: considerações preliminares. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS, 35., 2011, Caxambu. Anais... Caxambu: ANPOCS 2011. p. 1-29.
MONTERO, Paula. Religiões e dilemas da sociedade brasileira. In: MICELI, Sérgio (Org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995): antropologia. Sumaré, SP: ANPOCS; Brasília: CAPES, 1999. p.327-367.
OGLAND, Curtis P.; VERONA, Ana Paula. Religion and attitudes toward abortion and abortion policy in Brazil. Journal for the Scientific Study of Religion, Carbondale, v. 50, n. 4, p. 812-821, 2011.
PIERUCCI, Antônio Flávio. Bye-bye Brasil: o declínio das religiões tradicionais no Censo 2000. Estudos Avançados, São Paulo, v. 18, n. 52, p. 17-28, 2004.
PIERUCCI, Antônio Flávio. De olho na modernidade religiosa. Tempo Social, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 9-16, 2008.
PIERUCCI, Antônio Flávio. O desencantamento do mundo: todos os passos de um conceito em Max Weber. São Paulo: Ed. 34, 2003.
PIERUCCI, Antônio Flávio. Reencantamento e dessecularização: a propósito do auto engano em sociologia da religião. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 49, p. 99-117, 1997.
PIERUCCI, Antônio Flávio. Secularização em Max Weber: da contemporânea serventia de voltarmos a acessar aquele velho sentido. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n. 37, p. 43-73, 1998.
PIERUCCI, Antônio Flávio. Sociologia da religião - área impuramente acadêmica. In: MICELI, Sérgio (Org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995): sociologia. Sumaré, SP: ANPOCS; Brasília: CAPES, 1999. v. 7, p. 237-286.
PIERUCCI, Antônio Flávio; MARIANO, Ricardo. Sociologia da religião, uma sociologia da mudança. In: MARTINS, Carlos Benedito; MARTINS, Heloísa Helena Teixeira de Souza (Ed.). Horizontes das ciências sociais no Brasil: sociologia. São Paulo: ANPOCS, 2010. p. 279-301.
RIIS, Ole Preben. Methodology in the sociology of religion. In: CLARKE, Peter B. (Ed.). The oxford handbook of the sociology of religion. New York: Oxford University Press, 2011. p. 229-244.
ROSAS, Nina; MUNIZ, Jerônimo Oliveira. O hábito faz o monge? Frequência e autopercepção religiosas no Brasil. Mediações, Londrina, v. 19, n. 1, p. 214-240, 2014.
SCALON, Celi; SANTOS, José Alcides. Desigualdades, classes e estratificação social. In: MARTINS, Carlos Benedito; MARTINS, Heloísa Helena Teixeira de Souza (Ed.). Horizontes das ciências sociais no Brasil: sociologia. São Paulo: ANPOCS, 2010. p. 79-105.
SILVEIRA, Emerson J. S.; SOFIATI, Flávio M. Novas leituras do campo religioso brasileiro. São Paulo: Ideias & Letras, 2014.
SMITH, Christian et al. American evangelicalism: embattled and thriving. Chicago: University of Chicago Press, 1998.
TURNER, Bryan S. Religion and contemporary sociological theories. Current Sociology Review, Madrid, v. 62, n. 6, p. 771-788, 2014.
VERONA, Ana Paula; REGNERUS, Mark. Pentecostalism and premarital sexual initiation in Brazil. Revista Brasileira de Estudos de População, Campinas, v. 31, n. 1, p. 99-115, 2014.
ZEPEDA, José de Jesús Legorreta. Secularização ou ressacralização? O debate sociológico contemporâneo sobre a teoria da secularização. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 25, n. 73, p. 129-141, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais relativos aos artigos publicados em Mediações são do(a)s autore(a)s; solicita-se aos(às) autore(a)s, em caso de republicação parcial ou total da primeira publicação, a indicação da publicação original no periódico.
Mediações utiliza a licença Creative Commons Attribution 4.0 International, que prevê Acesso Aberto, facultando a qualquer usuário(a) a leitura, o download, a cópia e a disseminação de seu conteúdo, desde que adequadamente referenciado.
As opiniões emitidas pelo(a)s autore(a)s dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.