Apresentação do Dossiê – A Morte e o Processo de Morrer nas Ciências Sociais: Perspectivas Sobre Um Fenômeno Multidimensional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2023v28n1e47624

Palavras-chave:

Morte e morrer, Cuidados Paliativos, Estudos cemiteriais, Necropolítica, tanatopraxia

Resumo

O campo de estudos da morte e do morrer é amplo e multidisciplinar. Em se tratando de um fenômeno ubíquo e universal, não é de se espantar a pluralidade das abordagens para o estudo da morte. Desde a década de 1960, os estudos sobre morte e morrer nas Ciências Sociais vêm crescendo e se consolidando em um campo com questões, agendas de pesquisa e temáticas consolidadas. Os rituais em torno da morte, dos cadáveres e do adoecimento, as práticas de cuidado, controle e gestão dos corpos mortos ou dos sujeitos em processo de morrer, as crenças, ideias, representações e valores que informam e dão sentido ao fim da vida, todos esses são objetos dentro do guarda-chuva da literatura presente no dossiê apresentado nesse artigo. Ao longo do texto, oferecemos um panorama das questões da área e pontuamos como estas dialogam com os artigos que integram o dossiê.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Lucas Faial Soneghet, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (UFRJ)

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2022). Pós-doutorando junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.

Rachel Aisengart Menezes, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ)

Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2004).

Referências

ABEL, Emily K. The hospice movement: institutionalizing innovation. International Journal of Health Services, New York, v. 16, n. 1, p. 71-85, 1986. DOI: https://doi.org/10.2190/RQBV-J2PG-VFNM-1H97

AGAMBEN, Giorgio. State of exception. Chicago: The University of Chicago Press, 2005. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1134d6w.16

AGAMBEN, Giorgio. Reflexões sobre a peste: ensaios em tempos de pandemia. Boitempo Editorial, 2020.

ALONSO, Juan Pedro; LUXARDO, Natalia; PIÑEIRO, Santiago Poy; BIGALLI, Micaela. El final de la vida como objeto de debate público: avatares de la “muerte digna” en Argentina. Revista Sociedad, Rosário, n. 33, p. 7-18, 2013.

ARIÈS, Philippe. The hour of our death. New York: Vintage Books, 1981.

ARMSTRONG, David. Silence and truth in death and dying. Social Science & Medicine, Amsterdam, v. 24, n. 8, p. 651-657, 1987. DOI: https://doi.org/10.1016/0277-9536(87)90308-X

BAUMAN, Zygmunt. Mortality, immortality and other life strategies. California: Stanford University Press, 1992.

BECKER, Ernest. A negação da morte. Rio de Janeiro: Record, 1995.

BIEHL, João. Descolonizando a saúde planetária. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 27, p. 337-359, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000100017

BONET, Octavio. Os médicos da pessoa: um olhar antropológico sobre a medicina de família no Brasil e na Argentina. Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2018.

BOSCO, Estevão; IGREJA, Rebecca Lemos; VALLADARES, Laura (org.) A América Latina frente ao governo da COVID-19: desigualdades, crises, resistências. Brasília: Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, 2022. p. 22-44.

BUTLER, Judith. Precarious life: the powers of mourning and violence. Nova Iorque: Verso Books, 2004.

BUTLER, Judith. What world is this: a pandemic phenomenology. Nova Iorque: Columbia University Press, 2022. DOI: https://doi.org/10.7312/butl20828

CAPONI, Sandra; VALENÇA, Maria Fernanda Vasquez; VERDI, Marta; ASSMANN, Selvino José (org.). A medicalização da vida como estratégia de biopolítica. São Paulo: Editora LeberArs, 2013.

CASTRA, Michel. Bien mourir: sociologie des soins palliatifs. Paris: Presses Universitaires de France, 2003. DOI: https://doi.org/10.3917/puf.castr.2003.01

CONRAD, Peter; BERGEY, Meredith. Medicalization: sociological and anthropological perspectives. In: WRIGHT, James D. (ed.). International encyclopedia of the social & behavioral sciences. Amsterdam: Elsevier Ltd, 2015. p. 105-109. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-0-08-097086-8.64020-5

DAS, Veena; HAN, Clara. Living and dying in the contemporary world. California: University of California Press, 2016.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

ELIAS, Norbert. A solidão dos moribundos, seguido de envelhecer e morrer. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso dado no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 28. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2014.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Editora Vozes, 1987.

GLASER, Barney G.; STRAUSS, Anselm L. Awareness of dying. Chicago: Aldine Publishing Company, 1965.

GRISOTTI, Márcia. Doenças infecciosas emergentes e a emergência das doenças: uma revisão conceitual e novas questões. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, p. 1095-1104, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000700017

GRISOTTI, Márcia. Políticas de saúde e sistemas médicos no Brasil. Revista Katálysis, Florianópolis, n. 3, p. 49-62, 1998.

HAN, Byung-Chul. Sociedade da transparência. Petrópolis: Vozes, 2017.

HEINICH, Nathalie. “Il y a ce à quoi nous sommes reliés, nous tous, confinés mais interdépendants, responsables, solidaires et fiers de l’être.” Le Monde, 4 de abril de 2020. Disponível em: https://www.lemonde.fr/idees/article/2020/04/04/il-y-a-ce-a-quoi-nous-sommesrelies-nous-tous-confines-mais-interdependants-responsables-solidaires-et-fiers-de-letre60355323232.html. Acesso em: 7 fev. 2023.

IANNI, Aurea Maria Zöllner. O campo temático das ciências sociais em saúde no Brasil. Tempo Social, 2015, v. 27, n. 1, p. 13-32, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-20702015013

JACOBSEN, Michael Hviid. “Spectacular death” - Proposing a new fifth phase to Philippe Ariès’s admirable history of death. Humanities, Basel, v. 5, n. 2, p. 19, 2016. DOI: https://doi.org/10.3390/h5020019

KAUFMAN, Sharon. And a time to die: how american hospitals shape the end of life. Nova Iorque: Simon & Schuster, 2005. DOI: https://doi.org/10.1097/01.COT.0000290066.06231.57

KELLEHEAR, Allan. A social history of dying. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511481352

LAQUEUR, Thomas. The work of the dead: a cultural history of mortal remains. Princeton and Oxford: Princeton University Press, 2015. p. 711. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctvc77h3r

LAWTON, Julia. The dying process: patients’ experiences of palliative care. Londres: Routledge, 2000. p. 240.

MACHADO, Renata de Morais; MENEZES, Rachel Aisengart. Gestão emocional do luto na contemporaneidade. Revista Ciências da Sociedade (RCS), v. 2, n. 3, jan./jun. 2018. DOI: https://doi.org/10.30810/rcs.v2i3.622

MARTINS, Paulo Henrique. El coronavírus, el don y los escenarios posneoliberales. In: BRINGEL, Breno; PLEYERS, Geoffrey (ed.). Alerta global: políticas, movimientos sociales y futuros en disputa en tiempos de pandemia. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales-CLACSO, 2020. p. 367-375. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1gm027x.41

MAUSS, Marcel. A expressão obrigatória dos sentimentos. In: OLIVEIRA, Roberto Cardoso (org.). Mauss. São Paulo: Ática, 1979. p. 147-153.

MAUSS, Marcel. Efeito físico no individuo da ideia de morte sugerida pela coletividade (Austrália, Nova Zelândia). In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. p. 345-397.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, n. 32, p. 123-151, 2016.

MEDEIROS, Flavia et al. O morto no lugar dos mortos: classificações, sistemas de controle e necropolítica no Rio de Janeiro. Revista M., Rio de Janeiro, v. 3, p. 72-91, 2018. DOI: https://doi.org/10.9789/2525-3050.2018.v3i5.72-91

MENEZES, Rachel Aisengart. A medicalização da esperança. Amazônia Revista de Antropologia, Belém, v. 5, n. 2, p. 478-498, 2013. DOI: https://doi.org/10.18542/amazonica.v5i2.1503

MENEZES, Rachel Aisengart. Difíceis decisões: etnografia em um centro de tratamento intensivo. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. p. 107. DOI: https://doi.org/10.7476/9788575413135

MENEZES, Rachel Aisengart. Em busca da boa morte: antropologia dos cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Garamond Fiocruz, 2004. DOI: https://doi.org/10.7476/9786557081129

MENEZES, Rachel Aisengart; MACHADO, Renata de Morais. Visibilidade contemporânea do processo do morrer: novos rituais e sensibilidades. Tempo da ciência, Toledo, v. 26, n. 51, p. 12-30, jan./jun. 2019.

NEVES, Marcos Freire de Andrade. Por onde vivem os mortos: o processo de fabricação da morte e da pessoa morta no complexo funerário de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2017.

NUNES, Everardo Duarte. A sociologia da saúde no Brasil - a construção de uma identidade. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 1041-1052, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232014194.08302013

PARSONS, Talcott; LIDZ, Victor. Death in American society. In: SHNEIDMAN, Edwin (ed.) Essays in self-destruction. Nova Iorque: Science House, 1963. p. 133-170.

RODRIGUES, Carla. Por uma filosofia política do luto. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v. 29, n. 46, p. 58-73, 2020. DOI: https://doi.org/10.32334/oqnfp.2020n46a737

RODRIGUES, Claudia. Nas fronteiras do além: a secularização da morte no Rio de Janeiro séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.

SONEGHET, Lucas Faial. A normalidade crítica do cotidiano diante do adoecimento e da morte. Anuário Antropológico, Brasília, v. 47, n. 2, p. 205-222, 2022. DOI: https://doi.org/10.4000/aa.9720

SONEGHET, Lucas Faial. Fazendo o melhor da vida na morte: qualidade de vida, processo de morrer e cuidados paliativos. Revista M., v. 5, n. 10, p. 357-382, 2020. DOI: https://doi.org/10.9789/2525-3050.2020.v5i10.357-382

SUDNOW, David. Passing on: the social organization of dying. New Jersey: Prentice-Hall, 1967.

THOMAS, Louis-Vincent. Anthropologie de la mort. Paris: Payot, 1975.

VANDENBERGHE, Frédéric; VÉRAN, Jean-François. A pandemia como fato social total global. In: BOSCO, Estevão; IGREJA, Rebecca Lemos; VALLADARES, Laura (org.). A América Latina frente ao Governo da COVID-19: desigualdades, crises, resistências. Brasília: Faculdade LatinoAmericana de Ciências Sociais, 2022. p. 22-44.

WALTER, Tony. Death in the modern world. Londres: Sage Publications, 2020. DOI: https://doi.org/10.4135/9781526480101

WALTER, Tony. The revival of death. Taylor & Francis e-Library, 2002. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203220306

ZIMMERMAN, Camilla. Death denial: obstacle or instrument for palliative care? an analysis of clinical literature. Sociology of Health & Illness, Brighton, v. 29, n. 2, p. 297-314, 2007. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9566.2007.00495.x

Downloads

Publicado

2023-04-10

Como Citar

SONEGHET, L. F.; MENEZES, R. A. Apresentação do Dossiê – A Morte e o Processo de Morrer nas Ciências Sociais: Perspectivas Sobre Um Fenômeno Multidimensional. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 28, n. 1, p. 1–16, 2023. DOI: 10.5433/2176-6665.2023v28n1e47624. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/47624. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê

Dados de financiamento