A Arte Política de Armando Queiroz: uma Leitura a partir da Colonialidade e do Necropoder

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2024v29n3e49601

Palavras-chave:

arte, colonialidade, necropoder, política, resistência

Resumo

A produção do artista plástico Armando Queiroz abrange questões políticas amazônicas por meio de objetos, instalações e performances artísticas. A partir de um diálogo entre artes visuais, antropologia e semiótica, e de uma leitura da colonialidade e do necropoder, neste ensaio discutiremos cinco obras marcantes de sua trajetória e relacionadas entre si em dois momentos: primeiro, a videoarte “252” (2009-2010) e o objeto “Documentos” (2009-2010), centrados especialmente na tragédia que ficou conhecida pelo nome de Brigue Palhaço ocorrida em Belém do Pará em 1823. Na sequência, a videoarte “Ymá Nhandehetama – Antigamente fomos muitos” (2009) e as instalações “Cântico Guarani” (2010) e “Tupambaé” (2010), que tratam de questões relacionadas aos povos indígenas e seu apagamento histórico e político. Nessas obras, Queiroz trata de questões referentes à necropolítica e aos corpos marcados pela colonialidade. Compreendemos o seu trabalho pela ótica da resistência e da decolonialidade e discutimos como ele auxilia na construção de novas imagens e imaginários sobre essas temáticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Cristina Simões Viviani, Universidade Federal do Pará

Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Sergipe (2018). Doutoranda em Antropologia junto à Universidade Federal do Pará. Pesquisa financiada pela CAPES (Processo n° 88887.492557/2020-00). E-mail: maria.viviani@ifch.ufpa.br.

Danielle Parfentieff de Noronha, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Mídia, Comunicação e Cultura pela Universitat Autònoma de Barcelona (2017). Pós-doutoranda junto ao Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. Pesquisa financiada pela FAPERJ (Processo nº 203.875/2022). E-mail: danielledenoronha@gmail.com. 

Referências

ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/la frontera: the new mestiza. 4. ed. San Francisco: Aunt Lute Books, 2012.

ARMANDO Queiroz. Entrevista. [S.l.]: Instituto Pipa, 2019. Disponível em: https://www.premiopipa.com/pag/artistas/armando-queiroz. Acesso em: 27 jul. 2022.

BARRIENDOS, Joaquín. A colonialidade do ver: rumo a um novo diálogo visual interepistêmico. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, v. 3, n. 2, p. 38-56, ago. 2019. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/2434. Acesso em: 27 jul. 2022.

DAS, Veena; POOLE, Deborah. El estado y sus márgenes: etnografías comparadas. Cuadernos de Antropología Social, Buenos Aires, n. 27, p. 19-52, 2008. DOI: https://doi.org/10.34096/cas.i27.4328.

DUSSEL, Enrique. 1492: O encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993.

FANON, Frantz. Los condenados de la tierra. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, 2001.

FLETCHER, John. Arte Pará: uma interpretação antropológica e visual. 2016. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2016. Disponível em: https://ppga.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses2016/ TESE%20COMPLETA%20JOHN%20FLETCHER%201.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

GÓMEZ, Pedro Pablo; MIGNOLO, Walter. Estéticas decoloniais. Bogotá: Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2012.

GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 25-49, jan./abr. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100003.

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2010. p. 455-491.

HERKENHOFF, Paulo. Armando Queiroz: o angelus novus e a história da violência na Amazônia. In: SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Exposição Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça Artes Plásticas, 2011. p. 20-25. Catálogo.

ÍNDIO cidadão? – grito 3 Ailton Krenak. Goiânia: Rodrigo Siqueira, 2014. 1 vídeo (4min 1s). Publicado pelo canal Índio Cidadão – O Filme. Disponível em: https://youtu.be/kWMHiwdbM_Q?feature=shared. Acesso em: 27 jul. 2022.

KONTOPOULOS, Kyriaks. The logics of social structures. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

LAGE, Leandro R. Morrer ou... morrer: Foucault e as sublevações.???. In: LAGE, Leandro R. (org.). Imagens da resistência: dimensões estéticas e políticas. Salvador: EDUFBA, 2021. p. 65-85.

LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2005.

LEÓN, Christian. Imagem, mídias e telecolonialidade: rumo a uma crítica decolonial dos estudos visuais. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, v. 3, n. 2, p. 61-73, ago. 2019. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/2437. Acesso em: 27 jul. 2022.

LUGONES, María. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (ed.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 357-378.

LUGONES, María. Rumo a um feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (ed.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020. p. 52-83.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 127-168.

MANESCHY, Orlando Franco. Armando Queiroz: olhar sobre a violência na Amazônia. CROMA, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 31-37, jan./jun. 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/33877348/Armando_Queiroz_olhar_sobre_a_viole_ncia_na_Amazo_nia_Brasil_Armando_Queiroz_looks_at_violence_in_the_Amazon_Brazil. Acesso em: 27 jul. 2022.

MANESCHY, Orlando Franco. Diálogo em meio à tempestade. In: FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA. Arte Pará: a terra treme, treme terra. 29. ed. Belém, PA: Fundação Romulo Maiorana, 2011. p. 9-57.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, n. 32, p. 122-151, mar. 2016. DOI: https://doi.org/10.60001/ae.n32.p122%20-%20151

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2008.

MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidades em política. Cadernos de Letras da UFF, Rio de Janeiro, n. 34, p. 287-324, 2007. Disponível em: http://professor.ufop.br/sites/default/files/tatiana/files/desobediencia_epistemica_mignolo.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.

MIGNOLO, Walter. Historias locales/diseños globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Akal, 2013.

MOKARZEL, Marisa. Armando Queiroz e a Amazônia além da fronteira. In: FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA. Arte Pará: a terra treme, treme terra. 29. ed. Belém, PA: Fundação Romulo Maiorana, 2011a. Catálogo Arte Pará 2010. p. 9-57.

MOKARZEL, Marisa. Armando Queiroz: cântico dos corpos. In: FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA. Arte Pará: a terra treme, treme terra. 29. ed. Belém, PA: Fundação Romulo Maiorana, 2011b. Catálogo Arte Pará 2010. p. 60-61.

NAPOLI, Francesco. Abeiramento: performance e descolonização no Brasil contemporâneo. 2021. Tese (Doutorado em Artes) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2021. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/39278. Acesso em: 27 jul. 2022.

NHANDEHETAMA, Ymá. Armando Queiroz, Almires Martins e Marcelo Rodrigues. São Paulo: Fundação Bienal, 2009.

OLIVEIRA, Manoel de. Necroterritórios: territorialização e desterritorialização dos povos indígenas como estratégias necropolíticas. Margens, Abaetetuba, v. 15, n. 24, p. 103-122, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/revistamargens/article/view/10051. Acesso em: 27 jul. 2022.

QUEIROZ, Armando. A Amazônia não é minha. In: AMAZÔNIA: lugar da experiência. Belém: Ed. UFPA, 2013. p. 183-191. (Coleção Amazoniana de Arte da UFPA).

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007. p. 285-327.

QUIJANO, Aníbal; WALLERSTEIN, Immanuel. La Americanidad como concepto, o América en el moderno sistema mundial. RICS, Teresina, v. 44, n. 4, p. 583-591, 1992. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000092840_spa. Acesso em: 27 jul. 2022.

REALE, Heldilene Guerreiro. Territórios de memórias, conflitos e devorações: a poética de Armando Queiroz no prêmio Marcantonio Vilaça (2009-2010). 2011. Dissertação (Mestrado em Comunicação, Linguagem e Cultura) – Universidade da Amazônia, Belém, 2011.

REZENDE, Silvana. Videoarte e espaço cultural latino-americano: um recorte contemporâneo. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

ROSCOE, Beatriz. Invasão a terras indígenas teve alta de 137% em 2 anos de governo Bolsonaro. Poder360, Brasília, DF, 28 out. 2021. Disponível em: https://www.poder360.com.br/brasil/invasao-a-terras-indigenas-teve-alta-de-137-em-2-anos-de-governo-bolsonaro/. Acesso em: 27 jul. 2022.

SAMPAIO, Yasmin Estrela. Os Ritos Mortuários no Candomblé e a (Re)Construção da Ancestralidade Negra no Contexto Necropolítico. Mediações, v. 28, n. 2, p. 1-17, 2023.

TEGA, Danielle. Corpos que transgridem, palavras que resistem: um debate sobre gênero e testemunho. Mediações, v. 26, n. 3, p. 621-638, 2021.

TONNETTI, Flávio. Necropolítica como condição estética: a escultura de Gonçalo Mabunda. Arte e Filosofia, Ouro Preto, v. 15, n. 28, p. 151-170, abr. 2020. Disponível em: https://periodicos.ufop.br/raf/article/view/2198. Acesso em: 27 jul. 2022.

Downloads

Publicado

2024-08-25

Como Citar

VIVIANI, Maria Cristina Simões; NORONHA, Danielle Parfentieff de. A Arte Política de Armando Queiroz: uma Leitura a partir da Colonialidade e do Necropoder. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 29, n. 3, p. 1–18, 2024. DOI: 10.5433/2176-6665.2024v29n3e49601. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/49601. Acesso em: 31 ago. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Dados de financiamento