IFNOPAP: uma nascente de histórias
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2021v16.e46195Palavras-chave:
IFNPAP, Revista, OralidadeResumo
Um dossiê temático com o Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense é de uma responsabilidade muito grande. O IFNOPAP é um projeto importante para os estudos das Poéticas Orais. Com quase 30 anos de existência, uma infinidade de Teses, Dissertações, TCC’s e artigos científicos ele talvez seja mais que um projeto, um adjetivo, gentílico, como a professora Socorro Simões; capitã desde batel que flutua entre rios, florestas, espaços e ciberespaços chama-nos. Somos todos Ifnopapianos de muitos costados.
E, em mais essa viagem do IFNOPAP, começamos com algumas memórias de Alexandre Ranieri que entrou quase que por acaso no projeto e nunca mais saiu. O texto IFNOPAP em memórias: começo e meio é recheado de emoção e carinho, além de demonstrar a maneira como o projeto perpassa o percurso acadêmico do convidado.
O primeiro artigo deste dossiê assinado por Andressa Ramos, Rafaella Costa e Rubenil Oliveira em parceia com a professora Socorro Simões Corpo-velho: reflexões sobre o envelhecimento feminino em narrativas orais da Matintaperera traz a lume uma questão relevante aos dias de hoje: o padrão de beleza associado ao corpo feminino, sempre julgado e pressionado, ao passo que, em tempos de pandemia, os corpos velhos sofreram mais que outros o descaso de políticas públicas e a indiferença dos jovens. Portanto, publicar este artigo que desbanca os estereótipos em torno do corpo feminino envelhecido a partir de narrativas orais amazônicas de Matintaperera é (re)humanizar esses corpos subalternizados que retomam sua condição de sujeito ora discriminados nessa modernidade cada vez mais líquida, egocêntrica e narcisita.
O próximo artigo do dossiê assinado pela professora Sylvia Maria Trusen da Universidade Federal do Pará, O maravilhoso amazônico, uma poética da alteridade, faz uso das narrativas do projeto publicadas no “Abaetuba conta...” destacando a categoria da alteridade, muitas vezes esquecida e engolida pela arrogância do ego, para a leitura das narrativas do Imaginário Amazônico.
Mas não é só o IFNOPAP que é feito de histórias. Recebemos, nesta edição, também artigos de outras paragens, outros nortes, prenes de diversidade. E essa viagem começa pelos folhetos de cordel nordestinos e suas versões de uma obra prima da Literatura mundial: Intertextos de Romeu e Julieta nos folhetos nordestinos de Weber Firmino Alves e Naelza de Araújo Wanderley trata da relação entre esses textos do imaginário popular e a história imortalizada por William Shakespeare.
Voltando ao norte o artigo de Emanuel Fontel, Regina Cruz, Benedita Borges, Thaynara Paixão intitulado O estatuto mítico e a dimensão argumentativa em narrativas de enterro produzidas em comunidades quilombolasmergulha nas comunidades quilombolas do Estado do Pará para desvelar o estatuto mítico das narrativas de enterro.
Saindo mais uma vez do norte e voltando ao nordeste, mais especificamente à Paraíba, os autores Alberto Ricardo Pessoa e Cirstiano Clemente de Souza analisam uma relação que, para algumas pessoas não parece clara, mas que vai se tornando a medida em que lemos o artigo Oralidade e quadrinhos: possibilidades pedagógicas. Pensando nisso os autores exploram essas possibilidades que os quadrinhos proporcionam ao estudo da oralidade.
Descendo do nordeste ao sudeste, da Paraíba a Minas Gerais, Fábio Martins, Leonel Brizolla Monastirsky nos transportam à paisagem religiosa criada pelo catolicismo popular da campanha de reis e do Menino Jesus de Carmo do Rio Claro no artigo Paisagem religiosa: o catolicismo popular e as companhias de reis e do Menino Jesus de Carmo do Rio Claro-MG. E nessa viagem que empreendemos lendo o texto nos faz “ver” as paisagens sonoras e gustativas que ajudam a compor a religiosa.
Descendo um pouco mais, ao Sul, no norte do Paraná, em Londrina, Kaedmon Selberg Soares em Poesia in concert: a palavra de volta à rua trata do agrupamento Poesia in concert e a sua reincorporação no Festival Literário de Londrina (Londrix), ressaltando a importância social do evento para a cidade e relembrando outros tempos do Bar Valentino.
Saindo do norte do Paraná, nossa viagem termina em Antônio Cardoso na Bahia onde Renailda Ferreira Cazumbá e Eliziane Santos e Santos tratam das histórias e vida dos mestres e mestras do Grupo Raízes do Samba e seus sambadores e sambadeiras no artigo Vozes poéticas e (re)existências quilombolas do Grupo Raízes de Toco de Antônio Cardoso – BA.
Esperamos que a vigem por todos esses lugares e pessoas e seres e histórias seja profícua e encante aos leitores da mesma forma que nos encantou como revista.Downloads
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