v. 39: Perdas e ausências na literatura contemporânea (dez. 2020)

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Na antiguidade grega, aprendemos a sofrer nas tragédias e nas elegias, por enfrentarmos os nossos erros essenciais e por lamentarmos as nossas perdas. Na comédia "Much Ado about Nothing", a personagem Benedick afirma "everyone can master a grief but he that has it" - todos sabemos como sofrer, exceto aquele que sofre. Na contemporaneidade, apesar das guerras e dos genocídios, parecia que a morte havia sido domada ou apagada da vida diária, pelos procedimentos sanitários e pelo encapsulamento do episódio final nos porões refrigerados dos hospitais. A grandeza da população urbana, em seus movimentos frenéticos, anulou a figura do herói, pois somos quase todos desconhecidos no mundo das centenas de milhares ou dos milhões de habitantes. Foi preciso uma pandemia para enfrentarmos novamente a noção de uma finitude palpável, imediata, aterrorizante. A arte, momentaneamente em compasso de espera, é para muitos o refúgio ou o divertimento, no sentido de Pascal, o afastar-se da dor. Mas é nela que vamos encontrar as emoções, não aquelas profusas, conscientes e imediatas, como anotou T. S. Eliot, mas os sentimentos capazes de nos tornar humanos novamente.
Publicado: 11-12-2020

Edição completa

Expediente e Apresentação

  • Expediente

    2
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p2
  • Entre ruínas e ecos: Perdas e ausências na literatura contemporânea

    5-11
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p5

Artigos

  • Espaços e travessias na constituição da identidade

    Roseane Oliveira de Araújo Félix, João Batista Cardoso
    12-23
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p12
  • A ausência como sentido para o amor em “Uma estrangeira de nossa rua”, de Milton Hatoum

    Rafael Magno de Paula Costa
    24-35
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p24
  • Entre perdas e repetições: o realismo traumático em Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera

    Nelson Eliezer Ferreira Júnior
    36-47
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p36
  • Reflexões sobre a velhice e a morte em As intermitências da morte, de José Saramago

    Carolina de Aquino Gomes, Ana Marcia Alves Siqueira
    48-59
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p48
  • Condolências e ressentimentos de João Cabral “Na morte de Joaquim Cardozo”

    Everton Barbosa Correia
    60-70
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p60
  • A antielegia ou a perda do sentido do futuro

    Alamir Aquino Corrêa
    71-80
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p71
  • “O Haiti (não) é aqui”?: silêncios, regateios e estilhaços nos diálogos Haiti-Brasil

    Vanessa Massoni da Rocha
    81-92
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p81
  • Ruanda, país de lágrimas: reflexões sobre perda, memória e narrativa em Baratas, de Scholastique Mukasonga

    Alexandre Henrique Silveira, Bernardo Nascimento de Amorim
    93-102
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p93
  • Não se sabe sobre o que se inscreve/escreve ou a solidão em “O afogado mais bonito do mundo”, de Gabriel García Márquez

    George Lima, Marisa Martins Gama-Khalil
    103-114
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p103
  • Uma análise sobre as ilustrações e a temática da morte em Harvey: como me tornei invisível

    Daniela Maria Segabinazi, Jaine Sousa Barbosa
    115-130
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p115
  • Luto infantil e o processo de ressignificação da vida: a trajetória de Maria em Corda Bamba, de Lygia Bojunga

    Carmina Monteiro Ribeiro, Milena Ribeiro Martins
    131-142
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p131