A antielegia ou a perda do sentido do futuro
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p71Palavras-chave:
Antielegia, Elegia moderna, Morte, Luto, CulpaResumo
Discussão sobre as marcas da elegia moderna ou antielegia, como atitude melancólica a permear gêneros literários e artísticos. Aponto, seguindo a lição de Jahan Ramazani (1994), a resistência à consolação como principal qualidade da antielegia a lidar com o conjunto de percalços incompreensíveis na modernidade. A antielegia está marcada pela impossibilidade de preservação em separado de um espaço intocado, ideal como o mundo bucólico pastoral, em razão da velocidade e da pressão da vida moderna; também não se busca a supressão do enlutamento, aquela saudável transição do vínculo com o morto para o vínculo com os outros também ainda viventes, pois o espaço de luto também serve como locus de ironia e mofa, pelo excesso de sua apresentação mediática. Finalmente, entendo que nossa era da catástrofe encontra a sua expressão na elegia como uma pornografia do luto anunciado, pois cada vez mais queremos nos afastar de um luto futuro, apesar de sua inexorabilidade.Downloads
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