Bocas tortas: naturalismo sertanejo e literatura das secas no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2023vol43n2p90

Palavras-chave:

Sertão, Os Retirantes, Ataliba o Vaqueiro, Literatura do Norte

Resumo

O fim do século XIX assistiu a uma modificação na discursividade sobre o espaço sertanejo no circuito da literatura brasileira. Mudanças de cunho político e estético influíram sobre esse processo, mas o episódio trágico da seca de 1877-1880 foi determinante para transformar a forma pela qual o resto do Brasil encarava o sertão e, por conseguinte, a região Nordeste. Foi sobretudo a partir da tematização desse evento que as obras literárias ambientadas no sertão nordestino passaram a representar esse recorte espacial sob uma ótica estritamente negativa, tendência que se afirmaria como a hegemônica na concepção de discursos sobre esse espaço para além do meio literário. As obras Os Retirantes (1879) e Ataliba, o Vaqueiro (1878) foram duas das primeiras representantes dessa que seria considerada a “Literatura das Secas”, tendo sido associadas por Franklin Távora ao que ele propunha ser um “Naturalismo sertanejo”, uma espécie de literatura de transição entre o Romantismo e o Naturalismo “puro” associada a elementos regionais. O entendimento desse rótulo e o cotejo entre os dois textos oferece uma vereda fértil para o entendimento do processo histórico da construção discursiva do sertão pela literatura.

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Biografia do Autor

Mateus de Novaes Maia, Universidade Federal Fluminense - UFF

Doutorado em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense

Claudete Daflon dos Santos, Universidade Federal Fluminense - UFF

Doutorado em Letras/Estudos de Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Professora  da Universidade Federal Fluminense 

 

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Publicado

29-12-2023

Como Citar

Maia, Mateus de Novaes, e Claudete Daflon dos Santos. “Bocas Tortas: Naturalismo Sertanejo E Literatura Das Secas No Brasil”. Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 43, nº 2, dezembro de 2023, p. 90, doi:10.5433/1678-2054.2023vol43n2p90.