Vozes negras e mulheres-resistência em "O crime do Cais do Valongo", de Eliana Alves Cruz

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2025vol45n2p34

Palavras-chave:

Literatura afro-brasileira, Resistência feminina, O crime do Cais do Valongo

Resumo

Desde sempre, nas culturas patriarcais, tem sido o cosmomundo masculino a forjar identidades, papéis e lugares sociais que são reservados às mulheres, marcados pela marginalização e subalternidade (Spivak 2010), que as limitam a partir de normas de gênero restritivas e estereótipos pejorativos. Esse fato contribui sobremaneira para a manutenção do quadro de silenciamento a que as mulheres foram, e ainda são, submetidas. Entretanto, muitas mudanças vêm ocorrendo no cenário sociocultural, em particular o brasileiro, e muitas mulheres já ocupam espaço de voz em contranarrativas que contestam seus quadros históricos limitadores. Assim, pensar na transformação social envolve transgredir normas pré-estabelecidas de comportamento, de dominação e de poder impostas pela sociedade aos gêneros. Propomos, portanto, o estudo do romance O crime do cais do Valongo (2018), de Eliana Alves Cruz, objetivando analisar a resistência das mulheres negras – Muana, Roza e Tereza – presentes na obra, que marca profundamente o momento histórico em que se desenvolve a trama e mostra uma visão por dentro da história oficial sob uma nova ótica: a da mulher escravizada. Para tanto, buscamos ancoragem nos pressupostos teóricos de Spivak (2010); Zolin (2009); Hall (2006); Bamasile (2012); Mbembe (2018) entre outros que se fizerem necessários.

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Biografia do Autor

Regilane Barbosa Maceno, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão

Doutora em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB)

Professora Adjunta da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão - Campus Açailândia

Referências

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Publicado

11-12-2025

Como Citar

Maceno, Regilane Barbosa. “Vozes Negras E Mulheres-Resistência Em ‘O Crime Do Cais Do Valongo’, De Eliana Alves Cruz”. Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 45, nº 2, dezembro de 2025, p. 34-48, doi:10.5433/1678-2054.2025vol45n2p34.