Poéticas da ferida e do corte: a encarnação transvestigênere preta de Luna Souto Ferreira
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2025vol45n2p141Palavras-chave:
Processos de (re)existência, Literatura transvestigênere, Byxa-Travesty pretaResumo
O presente artigo propõe uma leitura da produção literária de Luna Souto Ferreira a partir de uma poética da ferida e do corte, explorando a materialização da vida transvestigênere preta como artesania tecno-subjetiva. Em Mem(orais): poéticas de uma Byxa-Travesty preta de cortes, Luna mobiliza a escrita enquanto gesto de encarnação, tensionando os limites do corpo, da linguagem, do espaço e da temporalidade. Através de incisões e rasgos na narrativa teleológica ocidental, a autora opera deslocamentos radicais que desestabilizam a ontologia colonial e cis-heteronormativa. Dialogando com pensadoras como Jota Mombaça, abigail Campos Leal e Castiel Vitorino Brasileiro, evidencia-se como a literatura transvestigênere preta instaura novas formas de fabulação e resistência, recusando a normatividade imposta ao tempo, ao gênero e à história. Assim, compreende-se que a poética de Luna Ferreira performa uma insurgência (est)ética e política, reconfigurando a própria noção de subjetividade ao constituir-se no espaço aberto da ferida.
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