Vol. 39 (2020): Perdas e ausências na literatura contemporânea

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Ricardo Augusto de Lima (UEL) e Willian André (UNESPAR), orgs.

Na antiguidade grega, aprendemos a sofrer nas tragédias e nas elegias, por enfrentarmos os nossos erros essenciais e por lamentarmos as nossas perdas. Na comédia "Much Ado about Nothing", a personagem Benedick afirma "everyone can master a grief but he that has it" - todos sabemos como sofrer, exceto aquele que sofre. Na contemporaneidade, apesar das guerras e dos genocídios, parecia que a morte havia sido domada ou apagada da vida diária, pelos procedimentos sanitários e pelo encapsulamento do episódio final nos porões refrigerados dos hospitais. A grandeza da população urbana, em seus movimentos frenéticos, anulou a figura do herói, pois somos quase todos desconhecidos no mundo das centenas de milhares ou dos milhões de habitantes. Foi preciso uma pandemia para enfrentarmos novamente a noção de uma finitude palpável, imediata, aterrorizante. A arte, momentaneamente em compasso de espera, é para muitos o refúgio ou o divertimento, no sentido de Pascal, o afastar-se da dor. Mas é nela que vamos encontrar as emoções, não aquelas profusas, conscientes e imediatas, como anotou T. S. Eliot, mas os sentimentos capazes de nos tornar humanos novamente.

Published: 2020-12-11

Expediente e Apresentação

  • Apresentation

    2
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p2
  • Among ruins and echoes: Losses and absences in contemporary literature

    5-11
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p5

Artigos

  • Spaces and crossings in the constitution of identity: losses and absences in contemporary literature

    Roseane Oliveira de Araújo Félix, João Batista Cardoso
    12-23
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p12
  • Absence as inexperience and as a meaning for love in “Uma estrangeira de nossa rua”, by Milton Hatoum

    Rafael Magno de Paula Costa
    24-35
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p24
  • Between losses and repetitions: the traumatic realism in Barba ensopada de sangue by Daniel Galera

    Nelson Eliezer Ferreira Júnior
    36-47
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p36
  • Reflections on old age and death in As intermitências da morte, by José Saramago

    Carolina de Aquino Gomes, Ana Marcia Alves Siqueira
    48-59
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p48
  • Condolences and ressentments of João Cabral “Na morte de Joaquim Cardozo”

    Everton Barbosa Correia
    60-70
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p60
  • The anti-elegy or the loss of meaning of the future

    Alamir Aquino Corrêa
    71-80
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p71
  • “Is Haiti (not) here?”: Silences, haggling, and shrapnelS in Haiti-Brazil dialogues

    Vanessa Massoni da Rocha
    81-92
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p81
  • Rwanda, country of tears: reflections on loss, memory and narrative in Cockroaches, by Scholastique Mukasonga

    Alexandre Henrique Silveira, Bernardo Nascimento de Amorim
    93-102
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p93
  • It doesn’t know what to inscribe/write or the solitude in “the Handsomest drowned man in the world”, by Gabriel García Márquez

    George Lima, Marisa Martins Gama-Khalil
    103-114
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p103
  • An analysis about the illustrations and the theme of death in Harvey: how i became invisible

    Daniela Maria Segabinazi, Jaine Sousa Barbosa
    115-130
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p115
  • Childhood grief and the process of resignifing life: maria’s path in Corda bamba, by Lygia Bojunga

    Carmina Monteiro Ribeiro, Milena Ribeiro Martins
    131-142
    DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p131