Solteira, sem filhos: menos que meia pessoa?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2017v22n2p479

Palavras-chave:

Gênero, Maternidade, Teoria social, Família, Feminismo

Resumo

O não-casamento tem marcado a existência de mulheres em diferentes épocas e lugares. Exceto em contextos específicos de estímulo ao celibato, esta “condição” tem sido recorrentemente representada como falta essencial, anomalia social, jamais um caminho escolhido ou projeto de vida que pode ser vivido positivamente. Sob a lógica do familismo, que pressupõe o casamento e maternidade como lugares privilegiados de saúde e felicidade, a mulher não casada e não mãe é percebida como egoísta, solitária, infeliz, frustrada e insatisfeita, beirando à aberração. Neste artigo reflito sobre a relação entre maternidade como escolha e as convenções sociais ou normas de gênero que reputam as solteiras como menos que meia pessoa na escala de status social. O artigo é baseado em pesquisa realizada em uma metrópole brasileira nos anos 2000.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eliane Gonçalves, Universidade Federal de Goiás - UFG

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Professora da Universidade Federal de Goiás - UFG.

Referências

BARRET, Michele and MACINTOSH, Mary. The anti-social family. London, Verso, 1991 [1983].

BERNARDES, Tati. Legal, mas e o filho? Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/tatibernardi/2016/02/1743485-legal-mas-e-o-filho.shtml. Acesso em 27/02/2016.

BOTT, Elizabeth. Família e Rede Social. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1976.

BOURDIEU, Pierre. Estruturas, habitus, práticas. In: BOURDIEU, Pierre. O senso prático. São Paulo: Vozes, 2009.

BOURDIEU, Pierre. Gosto de classe e estilos de vida. In: ORTIZ, Renato. (org.) A sociologia de Pierre Bourdieu. São Paulo, Olho D’Água, 2003, p.73-111.

CORREA, Sônia & PETCHESKY, Rosalind. Reproductive and Social Rights: A Feminist Perspective. In: SEN, Gita, GERMAIN, Adrienne and CHEN, Lincoln C.n (eds.) Population Polices Reconsidered: Health, Empowerment and Rights. Cambridge, Harvard University Press, 1994, p.107-123.

DE BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 [1949].

DIETZ, Mary G. Current Controversies In Feminist Theory. Annual Review of Political Science. n. 6, 2003, p.399-431

DURHAM, Eunice. Família e reprodução humana. In: FRANCHETO, Bruna, CAVALCANTI, Maria Laura V.C. e HEILBORN, Maria Luisa. (Orgs.) Perspectivas Antropológicas da Mulher. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983, p.13-45.

ELSTHAIN, Jean Bethke. Feminism, Family and Community. In: FRIEDMAN, Marilyn and WEISS, Penny A. (eds.) Feminism and Community. Philadelphia, Temple University Press, 1995, p.259-272.

FIRESTONE, Shulamith. A dialética do sexo. Rio de Janeiro: Laboral do Brasil, 1976.

FONSECA, Claudia. Solteironas de fino trato: reflexões em torno do não-casamento entre pequeno-burguesas no início do século. Revista Brasileira de História. v. 18, p.99-120, 1989.

FOUCAULT, Michel. Friendship as way of life. In: RABINOW, Paul. (ed.) Michel Foucault: Ethics, subjectivity and truth. Essential Works of Michel Foucault. v. 1. New York, The New Press, 1997, p. 135-140.

GIDDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

GONÇALVES, Eliane. Vidas no singular: noções sobre mulheres ‘sós’ no Brasil contemporâneo. 2007. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

GORDON, Tuula. Single Women: on the margins? New York University Press, 1994.

HALL, Elaine J. and RODRIGUEZ, Marnie Salupo. The Myth of Postfeminism. Gender and Society v. 17, 2003, p. 878-902. Disponível em : http://gas.sagepub.com/content/17/6/878. Acesso em outubro de 2011.

HERITIÉR, Françoise. Masculino/Feminino II: disolver la jeraquía. Buenos Aires: Fondo de Cultura Argentina, 2007.

HERITIÉR, Françoise. Masculino/Feminino: o pensamento da diferença. Lisboa, Instituto Piaget, 1996.

HIRD, Myra J. Vacant Wombs: feminist challenges to psychoanalytic theories of childless women. Feminist Review (75) – BRAH, Avtar, CROWLEY Helen and PUWAR, Nirmal. (ed.) Identities –, 2003, p.5-19.

HOLDEN, Katherine. Nature takes no notice of morality: singleness and married love in interwar Britain. Women’s History Review, v. 11 , n. 3, p.481-503, 2002.

KERGOAT, Daniele. Consubstancialidade das relações sociais. Novos Estudos, n. 84, p.93-103, 2002.

LASCH, Christopher. Refúgio num mundo sem coração. São Paulo: Paz e Terra, 1991.

LÉVI-STRAUSS, Claude. A Família. In: LEVI-STRAUSS, GOUGH & SPIRO. A Família, origem e evolução. Porto Alegre: Vila Marta, 1980, p.7-47.

MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia (Orgs). Teoria política feminista, hoje. In: MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Teoria Política Feminista, textos centrais. São Paulo: Horizonte, 2013, p.7-54.

RAMIREZ-GÁLVEZ Martha Célia. Novas tecnologias reprodutivas conceptivas: fabricando a vida, fabricando o futuro. 2003. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Campinas, 2003.

REIS, Ana Regina Gomes dos. Do segundo sexo à segunda onda: discursos feministas sobre maternidade. 142f. 2008. Dissertação (Mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre mulheres) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008.

RICH, Adrienne. Compulsory heterossexuality. Signs - Journal of women in culture and society, Chicago, v. 5, n. 4, p.631-660, 1980.

SALEM, Tania. Sobre o “Casal Grávido”: Incursão em um Universo Ético. 1987. Tese. (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1987.

SCAVONE, Lucila. A maternidade e o feminismo. Cadernos Pagu v. 16, p. 137-150. 2006.

SHULMAN, Alix Kates. Sex and Power: sexual bases of radical feminism. Signs - Journal of women in culture and society, v. 5 n. 4. Chicago: The University of Chicago, p.590-604, 1980.

SIMPSON, Roona. Contemporary spinsterhood in Britain: gender, partnership status and social change. Thesis submitted for the PhD degree, University of London, 2005.

STACEY, Judith. Are women afraid to leave home? In: MITCHEL, Juliet; OAKLEY, Ann. What is Feminism? Oxford-UK, Blackwell Publishers, 1986, p. 208- 237.

TAIN, Laurence. Um filho quando eu quiser? o caso da França contemporânea. Florianópolis: Estudos Feministas, v. 13, n. 1, p. 53-67, jan./abr. 2005.

TRIMBERGER, Kay E. The new singlewomen. Boston: Beacon Press, 2005. VELHO, Gilberto. Individualismo e Cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999 [1981].

Downloads

Publicado

2017-12-31

Como Citar

GONÇALVES, Eliane. Solteira, sem filhos: menos que meia pessoa?. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 22, n. 2, p. 479–509, 2017. DOI: 10.5433/2176-6665.2017v22n2p479. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32264. Acesso em: 24 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.