Jovens, percursos e atividades arriscadas nas corridas ilegais de carros: o risco como componente identitário
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2015v20n2p262Palavras-chave:
Juventudes, Risco, Percursos, “Rachas”Resumo
Pretende-se trazer algumas reflexões sobre as práticas das corridas ilegais de carros e motos (“rachas”) entre jovens de segmentos populares. O conhecimento transmitido ? “saber-fazer” ? nesse universo abre a esses jovens a possibilidade (precária) de uma atividade ou de um ofício que os potencializa, como indivíduos, grupo ou coletivo, para enfrentar, sobretudo, o desprestígio e a invisibilidade sociais, mas também a instabilidade profissional. No mundo dos motores e da velocidade, dentro dos limites fluidos entre lazer e trabalho, a experiência sensorial intensa potencializa contra as pressões e incertezas do cotidiano. Nas inter-relações de classe, de geração e de gênero, o risco torna-se, em tais práticas, um componente de construção identitária e de reconhecimento, além de poder ser uma forma de ganhar a vida.Downloads
Referências
ARRIGUCCI JUNIOR, Davi. Enigma e comentário. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
AUBERT, Nicole. (Ed.). L’individu hypermoderne. Paris: Érès, 2005.
AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da super modernidade. Campinas: Papirus, 1994.
BALANDIER, Georges. Le dédale: pour en finir avec le XXe siècle. Paris: Fayard, 1994.
BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASH, Scott. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: UNESP, 1997.
BECK, Ulrich. La société du risque: sur la voie d’une autre modernité. Paris: Aubier, 2001.
BOURDIEU, Pierre. Les rites comme actes d’instituition. Actes de la Recherche em Sciences Sociales, Paris, n. 43, p. 58-63, jun. 1982.
CAILLÉ, Alain. La quête de reconnaissance: Nouveau phénomène social total. Paris: Éditions La Découverte/M.A.U.S.S, 2007.
CALAZANS, Gabriela Junqueira. Os jovens falam sobre sua sexualidade e saúde reprodutiva. In: ABRAMO, Helena; BRANCO, Pedro Paulo (Orgs.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005, p. 215-241.
CALPE, José Maria E. Hombres, motos y riesgo: androcentrismo y sexismo en el mundo de las motos, 2010. Disponível em: . Acesso em: 28 fev. 2010.
CAMARANO, Ana Amélia. (Org.). Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição? Rio de Janeiro: Ipea, 2006.
CARMO, Paulo S. Culturas da rebeldia: a juventude em questão. São Paulo: SENAC, 2001.
CONNELL, Robert. La organización social de la masculinidad. In: VALDÉS, Teresa; OLAVARRÍA, José (Eds.). Masculinidad/es. poder y crisis. Santiago de Chile: Isis Internacional, 1997. (Ed. de las Mujeres n. 24).
DOUGLAS, Mary. Risk and blame: essays in cultural theory. Londres: Routledge, 1994.
EHRENGERG, Alain et al. O culto da performance: da aventura empreendedora à depressão nervosa. Aparecida: Ideias & Letras, 2010.
FEIXA, Carles; NILAN, Pam. Uma juventude global? Identidades híbridas, mundos plurais. Política & Trabalho, João Pessoa, v. 26, n. 31, p. 13-28, 2009.
FERREIRA, Vitor Sérgio. O ‘jovem radical’ contemporâneo: novos sentidos de um qualificativo juvenil. Crítica e Sociedade: Revista de Cultura Política, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 107-127, 2011.
FERREIRA, Vitor Sérgio. Ondas, cenas e microculturas juvenis. PLURAL, Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP, São Paulo, n. 15, p. 99- 128, 2008.
FERREIRA, Vitor Sérgio. Pela encarnação da sociologia da juventude. Iara: Revista de Moda, Cultura e Arte, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 164-200, 2009.
JEOLÁS, Leila S. Les courses ilégales de voitures: le cyberespace comme terrain ethnographique. Altérités: Revue Québecoise des Etudiants en Anthropologie, [S. l.], v. 5, n. 1, 2008. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2009.
KIMMEL, Michael S. A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v 4, n. 9, p. 103-118, 1998.
LE BRETON, David. Des rites juvéniles de contrebande. In: YANNIC, A. (Cood.). Le rituel. Paris: CNRS Editions, 2009. p. 25-44.
LE BRETON, David. En souffrance: adolescence et entrée dans la vie. Paris: Métailié, 2007.
LE BRETON, David. Sociologie du risque. Paris: PUF, 2012.
MACHADO PAIS, José. Introdução. In: MACHADO PAIS, José; BLASS, Leila M. da S. (Org.). Tribos urbanas: produção artística e identidades. São Paulo: Annablume, 2004. p. 9-22.
MACHADO PAIS, José. Prefácio: Busca de si. Expressividades e identidades juvenis. In: MENDES DE ALMEIDA, Maria Isabel; EUGENIO, Fernanda (Org.). Culturas jovens: novos mapas do afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. p. 7-24.
MACHADO PAIS, José; CAIRNS, David; PAPPÁMIKAIL, Lia. Jovens europeus: retrato da diversidade. Tempo Social, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 109-140, 2005.
MARQUES, Ana Paula. Outras transições? Configurações e problemáticas de socialização juvenil. Sociedade e cultura 5, Goiânia, v. 21, n. 1-2, p. 141-161, 2003.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Jóvens: des-orden cultural y palimpsestos de identidad. In: MARGULIS, Mario et al. Vivendo a toda: jóvenes, territorios culturales y nuevas sensibilidades. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 1998. p. 22-37.
MEAD, Margareth. Cultura y compromiso: estudios sobre la ruptura generacional. Barcelona: Editorial Gedisa, 2006.
MENEGON, Vera S. M.; SPINK, Mary Jane. Novas tecnologias reprodutivas conceptivas: problematizando a comunicação sobre riscos. In: FERREIRA, Verônica; ÁVILA, Maria Betânia; PORTELLA, Ana Paula (Orgs.). Feminismo e novas tecnologias reprodutivas. Recife: SOS Corpo, 2006.
PAPPÁMIKAIL, Lia. Juventude(s), autonomia e sociologia: redefinindo conceitos transversais a partir do debate acerca das transições para a vida adulta. In: DAYRELL, Juarez [et al.] (Orgs.). Família, escola e juventude: olhares cruzados BrasilPortugal. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2012, p. 372-393.
PATERA, Teodoro. Liminalité et performance: de l’anthropologie de Victor Turner aux Folies Tristan. Perspectives Médiévales, v. 35, 2014.
PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
PEREGRINO, Mônica. Novas desigualdades criadas pela expansão escolar na década de 1990: efeitos sobre a instituição. In: DAYRELL, Juarez [et al.] (Orgs.). Família, escola e juventude: olhares cruzados Brasil-Portugal. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2012, p. 323-342.
PERETTI-WATEL, Patrick. Les ‘conduites à risque’ des jeunes: défi, myopie, ou déni?. Agora: Débats-Jeunesses, [S. l.], v. 27, p. 16-33, 2002.
REGUILLO, Rossana. Culturas juveniles: formas políticas del desencanto. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2012.
SALAZAR, Alonso. Violências juveniles: contraculturas o hegemonía de la cultura emergente? In: MARGULIS, Mario et al. Vivendo a toda: jóvenes, territorios culturales y nuevas sensibilidades. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 1998.
SANTIAGO, Silviano. O entre-lugar do discurso latino-americano. In: SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos. São Paulo: Perspectiva, 1978. Cap. 1.
SAPIN, Marlène; SPINI, Dario; WIDMER, Eric D. Les parcours de vie. De l’adolescence au grand âge. Lausanne: Presses Polytechniques et Universitaires Romandes, 2007.
TURNER, Victor. The anthropology of performance. New York: Paj Publication, 1986.
ZALUAR, Alba. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2016 Leila Sollberger Jeolás, Luiz Antonio de Castro Santos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais relativos aos artigos publicados em Mediações são do(a)s autore(a)s; solicita-se aos(às) autore(a)s, em caso de republicação parcial ou total da primeira publicação, a indicação da publicação original no periódico.
Mediações utiliza a licença Creative Commons Attribution 4.0 International, que prevê Acesso Aberto, facultando a qualquer usuário(a) a leitura, o download, a cópia e a disseminação de seu conteúdo, desde que adequadamente referenciado.
As opiniões emitidas pelo(a)s autore(a)s dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.