Web Rádio Palafita: Quais vozes falam pelo Dique da Vila Gilda em Santos – SP?
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2022v17.e46729Palavras-chave:
Oralidade mediática, Rádio comunitária, EducaçãoResumo
O objetivo maior do projeto Rede de Informação Comunitária do grupo de pesquisa Mediações Telemáticas da área de Comunicação da PUC-SP, iniciado em 2017, foi implantar a web rádio Palafita na maior favela de palafitas da América Latina, o dique da Vila Gilda, localizada em Santos – SP, pela criação e produção de conteúdos de mídia livre, alternativos aos veiculados pelas mídiais hegemônicas locais. O Dique é uma área periférica marcada pela cultura caiçara, dos habitantes tradicionais do litoral, formados a partir da miscigenação entre índios, brancos e negros e pela imensa quantidade de imigrantes, principalmente nordestinos, que ali se estabeleceram depois da construção das rodovias Anchieta e Imigrantes. São mais de 6 mil famílias que vivem em condição visualmente insalubre para o olhar externo, mas que, quando nos aproximamos e passamos a conviver com os moradores, percebemos quão diferente é a opinião deles a respeito do mesmo lugar. Depois de três anos de aproximação e parceria com o instituto Arte no Dique e com a Escola Estadual Francisco Meira, somente agora, nós, pesquisadores, estamos começando a, de fato, ouvir e entender as vozes, apreendendo os códigos e as poéticas vocais ali presentes. No processo de escuta da pluralidade de suas vozes, é interessante notar o quanto as vozes dominantes de traficantes e líderes políticos e religiosos, pincipalmente pastores, influenciam de forma implícita os códigos de comportamento e como, do ponto de vista do consumo, moradores, principalmente moradores jovens, utilizam as mesmas marcas presentes em outros territórios da cidade, onde a faixa de renda dos moradores é maior. Outro ponto em relação aos jovens é que eles entendem TV, rádio e outdoor como mídia, mas celular como tecnologia, ou seja, há uma separação clara para eles que parte do critério de qual suporte eles dominam. E é a partir do recorte da relação entre oralidade, suporte midiático móvel, território e juventude, que esse artigo (apresentação) se desenvolverá. Para entender a relação das mutações vocais dos moradores a partir da sua interação com os suportes tecnológicos da web rádio, acionaremos os pensamentos de Carmen L. José, Jerusa P. Ferreira, Ivana Bentes e Jaílson de Souza e Silva, entre outros autores.
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