A construção do mosaico antropofágico em Oré Awé Roiru'a ma: Todas as vezes que dissemos adeus
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2014v9.e31753Palavras-chave:
Literatura Indígena, Antropofagia, Tradição Oral, LetramentoResumo
O presente trabalho pretende discutir sobre a obra de Kaká Werá Jecupé intitulada Oré Awé Roiru’a Ma: todas as vezes que dissemos adeus, mais especificamente tratando acerca de alguns dos “pedaços” utilizados para a criação de um mosaico como reação antropofágica ao longo da narrativa. A partir do embasamento teórico em Almeida e Queiroz (2005), Souza (2001) e Souza (2006), foi possível observar a incorporação pelo autor de elementos da sociedade envolvente, familiares ao leitor não indígena e da tradição oral indígena; bem como a ressignificação deles baseada em processos de inversão e na sua inserção na escrita e na língua portuguesa. Além disso, discuto sobre a apropriação do modelo utilitário e grafocêntrico da sociedade envolvente por Jecupé, relacionando-a ao movimento antropofágico realizado com a construção do mosaico. Como contraponto a esse modelo, trago considerações sobre o “modelo ideológico de letramento”, levando em conta que ele busca desconstruir a visão determinística do modelo de letramento anterior, o que possibilita entender a obra de Jecupé como uma prática social situada e relacionada ao poder.
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