O narrador do gueto: marginalidade e engajamento na literatura de Ferrèz
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2016v11.e31265Palavras-chave:
Segregação, Gueto, Literatura marginal, FerrézResumo
Este artigo inicia pela polêmica envolvendo a autoproclamada marginalidade de escritores da periferia arregimentados por Ferréz. Na sequência, procura contextualizar o movimento e apontar as diretrizes de seu manifesto. E, ainda na parte introdutória, detalha a concepção de marginalidade contida no discurso agressivo, na disposição simbólica de arrombar a porta em vez de pedir passagem, de tomar a palavra (escrita) de assalto. Contra a desconfiança e a resistência a respeito da autoproclamada marginalidade, o artigo então propõe como chave de análise um termo retirado do próprio manifesto: gueto. Nesse intuito, retrata a realidade de Capão Redondo, bairro pobre de São Paulo onde Ferréz cresceu e ainda reside, incluindo o histórico de migração nordestina, segregação e violência. Logo depois, toma o referencial teórico elaborado pelo sociólogo francês Loïc Wacquant, que define gueto a partir de duas faces, como arma do dominador e como escudo do dominado. Na aplicação dessa conceituação à obra Capão Pecado, primeiro romance de Ferréz, o artigo então elabora o conceito de narrador de gueto: um narrador local, de linguagem híbrida (oralidade, gírias, rap e norma padrão), engajado na causa da periferia.
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