Da Grécia à MPB: poesia, música e oralidade
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2006v1.e30695Palavras-chave:
Oralidade, Poesia, MúsicaResumo
O termo grego “mousiké” englobava uma unidade integrada de melodia e verso e representava o principal canal de formação dos homens, bem como de manifestação de uma cultura predominantemente oral. Era desta forma, pelo discurso oral, em performance, que se concretizava uma voz coletiva. Assim é que a oralidade se manteve praticamente onipresente durante muito tempo, também na Idade Média. Característica das canções medievais, a oralidade estava presente no próprio gérmen das poesias, que nasciam para serem cantadas. Até por volta de 1400, em todo o Ocidente, a escritura pouco influenciava o comportamento ou o pensamento dos poetas e as expectativas do público, na sua maioria analfabeto. Mas a escrita, gradativamente, enraizou-se nas civilizações, como necessário e natural produto da oralidade. No entanto, a palavra falada subsiste e já no Renascimento vários textos foram musicados, porém foi com o Simbolismo, no fim do século XIX, que Baudelaire procurou fazer com que as palavras tivessem “um valor essencialmente musical”. Buscaram a voz viva da palavra na música internalizada da poesia. Muito adiante, já no nosso século, uma forte tendência de fazer reintervir a voz na mensagem poética se impõe decisiva, a “poesia sonora”. E a poesia musical de cinco ou seis séculos de história européia estendeu seus efeitos em vários setores da música popular, nos dois lados do Atlântico, até o século XIX, quando não ao XX. Foi quando, no Brasil, “(...)toda uma geração de bons poetas escolhe a música popular e não o livro como canal de comunicação” (SILVA, 1975, p.178)
Downloads
Referências
FERNANDES, Frederico. A voz em performance. Assis: EdUNESP, 2003.
GOMES, Álvaro Cardoso. O Simbolismo. São Paulo: Ática, 1994.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1968.
ONG, Walter. Oralidade e Cultura Escrita. Campinas: Papirus, 1998.
PERRONE, Charles A. Letras e Letras da MPB. Rio de Janeiro: Elo, 1988.
PLATÃO. A República. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Música Popular e Moderna Poesia Brasileira. Petrópolis: Vozes, 1986.
SILVA, Anazildo Vasconcelos da. “A Paraliteratura”. Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.
SPINA, Segismundo. Presença da literatura portuguesa. Era medieval. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1969.
ZUMTHOR, Paul. A Letra e a Voz. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
ZUMTHOR, Paul. Escritura e Nomadismo. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2006 Cláudia Sabbag Ozawa Galindo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Boitatá esta licenciada com CC BY sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito e prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.