Narrativas Conservadoras sobre o Sufrágio Feminino no Brasil entre 1933 e 1937: Nuances sobre a Ideia de Conquista da Emancipação pelo Direito ao Voto
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2024v29n2e49137Palavras-chave:
sufrágio feminino, feminismo, código eleitoral de 1932, era Vargas, anarquismo, Igreja Católica, autoritarismo eleitoralResumo
O objetivo do artigo é entender os ideários sobre sufrágio feminino no período imediatamente posterior à implementação do Código Eleitoral de 1932 até o início do Estado Novo (de 1933 a 1937). Este trabalho se distancia da visão que enxerga o voto feminino meramente como um progresso democrático dos anos 1930, através da análise da história de outros países e de revistas da época (revistas femininas, jornais católicos e anarquistas). Demonstra, ao contrário, a existência de um movimento de construção de narrativa que deixa o voto (e a emancipação das mulheres) de lado para assumir uma forma de persuasão com a finalidade de conservar o status quo, tanto pela Igreja Católica quanto pelos poderes políticos.
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