Da ética do cuidado à interseccionalidade: caminhos e desafios para a compreensão do trabalho de cuidado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n3p43

Palavras-chave:

Ética do cuidado, Cuidado, Trabalho de cuidado, Joan Tronto

Resumo

A ética do cuidado surge, na década de 1980, como um referencial feminista para a compreensão do cuidado em nossas sociedades. Ao longo deste texto analiso como a ética do cuidado fornece um arcabouço teórico pouco adequado para a análise do trabalho de cuidado e busco oferecer algumas pistas para uma compreensão mais apropriada do tema. Para tal, posiciono o trabalho de cuidado no centro de discussões sobre desigualdades sociais e relações de poder e recorro a pesquisas empíricas de inspiração interseccional sobre o tema.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Anna Bárbara Araujo, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutora em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

Referências

ARAUJO, Anna Bárbara. Gênero, profissionalização e autonomia: o agenciamento do trabalho de cuidadoras de idosos por empresas. 2015. Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

Disponível em: http://objdig.ufrj.br/34/teses/834968.pdf. Acesso em: 5 set. 2018.

ARAUJO, Anna Bárbara. Gênero, reciprocidade e mercado no cuidado de idosos. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 1, 2019. [no prelo].

AYRES, José Ricardo. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 16-29, dez. 2004.

BEASLEY, Chris; BACCHI, Carol. Envisaging a new politics for na ethical future: beyond trust, care and generosity – towards an ethic of ‘social flesh’. Feminist Theory, Reino Unido, v. 8, n. 3, p. 279-298, 2007.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. São Paulo: Difel, 1989.

BRITES, Jurema. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, Campinas, n. 29, p. 91-109, dez. 2007.

COOPER, Davina. ‘Well, you go there to get off’ visiting feminist care ethics through a women’s Bathhouse. Feminist Theory, Reino Unido, v. 8, Ln. 3, p. 243-262, 2007.

CROMPTON, Rosemary. Employment and the family: the Reconfiguration of work and family life in contemporary societies. Cambridge: University Press, 2006.

DELPHY, Christine. Close to home: a materialist analysis of women's oppression. London: Hutchinson, 1984.

FOLBRE, Nancy. Demanding quality: worker/consumer coalitions and “high road” strategies in the care sector. Politics & Society, Los Altos, v. 34, n. 1, p. 11-31, mar. 2006.

FRAGA, Alexandre Barbosa. De empregada a diarista: as novas configurações do trabalho doméstico remunerado. Rio de Janeiro: Multifoco, 2013.

GEORGES, Isabel, “O “cuidado” como “quase-conceito”: por que está pegando? Notas sobre a resiliência de uma categoria emergente”. In: DEBERT, Guita Grin; PULHEZ, Mariana Marques (Org.). Textos didáticos, desafios do cuidado: gênero, velhice e deficiência. Campinas: IFCH-Unicamp, 2017. p. 125-151.

GEORGES, Isabel; SANTOS, Yumi Garcia dos. Olhares cruzados: relações de cuidado, classe e gênero. Tempo social, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 47-60, 2014.

GILLIGAN, Carol. In a different voice. Cambridge: Harvard University Press, 1982.

GILMAN, Michele. The return of the welfare queen. Journal of Gender, Social Policy & the Law, Washington, v. 22, n. 2, p. 247-279, 2014.

GLENN, Evelyn Nakano. Creating a care society. Contemporary Sociology, Washington, v. 29, n. 1, p. 84-94, 2000.

COLLINS, Patricia Hill. Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão. MORENO, Renata (Org.). Reflexões e práticas de transformação feminista. São Paulo: SOF, 2015. p. 13-42.

EHPAD: les personnels des maisons de retraite en grève dans toute la France. Liveration, 30 jan. 2018. Disponível em: https://www.liberation.fr/france/2018/01/30/ehpad-les-personnels-des-maisons-de-retraite-en-greve-dans-toute-la-france_1626165. Acesso em: 31 jul. 2018.

GRÈVE dans les ehpad: le grand âge a besoin de solutions pérennes. Le Monde, 30 jan. 2018. Disponível em: https://www.lemonde.fr/idees/article/2018/01/30/greve-dans-les-ehpad-le-grand-age-a-besoin-de-solutions-perennes_5249085_3232.html. Acesso em: 31 jul. 2018.

HOCHSCHILD, Arlie. Éthique du care et capitalisme émotionnel. In: PAPERMAN, Patricia; MOLINIER, Pascale. Contre l'indifférence des privilégiés: à quoi sert le care. Paris: Payot, 2013. p. 69-98.

HOCHSCHILD, Arlie. Global care chains and emotional surplus value. In: HUTTON, Will; GIDDENS, Anthony (Ed.). On the edge: living with global capitalism. London: Jonathan Cape, 2000. p. 130-146.

HOOKS, Bell. Feminism is for everybody: passionate politics. Cambridge: South End Press, 2000.

MARINS, Mani. O ‘feminino’ como gênero do desenvolvimento. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 1-14, abr. 2018.

MOLINIER, Pascale. Cuidado, interseccionalidade e feminismo. Tempo Social, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 17-33, 2014.

MOLINIER, Pascale. Et la tendresse, bordel!. Multitudes, Paris, n. 52, p. 172-177, 2013.

MOLINIER, Pascale; PAPERMAN, Patricia. Descompartimentar a noção de cuidado?. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 18, p. 43-57, dez. 2015.

NÄRE, Lena. The moral economy of domestic and care labour: migrant workers in Naples, Italy. Sociology, Oxford, v. 45, n. 3, p. 396-412, 2011.

NODDINGS, Nel. Caring: a feminine approach to ethics and moral education. Berkeley: University of California Press, 1984.
PAPERMAN, Patricia. Émotions privees, émotions publiques. Multitudes, Paris, n. 52, p. 164-170, 2013.

PAPERMAN, Patricia. Éthique du care: um changement de regard sur la vulnérabilité. Gérontologie et Societé, [S. l.]. v. 33, n. 133, p. 51-61, 2010.

PULCINI, Elena. What emotions motivate care?. Emotion Review, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 64-71, 2017.

RUDDICK, Sara. Maternal thinking: towards a politics of peace. Boston: Beacon Press, 1995.

RUIZ, Blanca Rodríguez. Caring discourse: the care/justice debate revisited. Philosophy and Social Criticism, Chestnut Hill, v. 31, n. 7, p. 773-800, 2005.

SEN, Amartya. Development as freedom. New York: Alfred Knopf, 1999.

SEVENHUIJSEN, Selma. The place of care: the relevance of the feminist ethic of care for social policy. Feminist Theory, Reino Unido, v. 4, n. 2, p. 179-197, 2003.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG, 2010.

STONE, Deborah. Why we need a care movement. The Nation, New York, 13 mar. 2000.

TRONTO, Joan. Assistência democrática e democracias assistenciais. Sociedade e Estado, Brasília, v. 22, n. 2, p. 285-308, ago. 2007.

TRONTO, Joan. Interview. 2009. Disponível em: https://ethicsofcare.org/joan-tronto/. Acesso em: 26 jul. 2018.

TRONTO, Joan. Moral boundaries: a political argument for an ethic of care. New York: Routledge, 1993.

TRONTO, Joan. Mulheres e cuidados: o que as feministas podem aprender sobre a moralidade a partir disso? In: JAGGAR, Alison; BORDO, Susan (Ed.). Gênero, corpo, conhecimento. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 1997. p. 186-203.

WASSER, Nicolas. The promise of diversity: how brazilian brand capitalism affects precarious identities and work. Bielefeld: Transcript, 2017.

Downloads

Publicado

2018-12-29

Como Citar

ARAUJO, A. B. Da ética do cuidado à interseccionalidade: caminhos e desafios para a compreensão do trabalho de cuidado. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 23, n. 3, p. 43–69, 2018. DOI: 10.5433/2176-6665.2018v23n3p43. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/34245. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê