Panorama brasileiro do setor de reprodução de suínos: um estudo transversal sobre aspectos específicos de biosseguridade, instalações, manejo, alimentação e desempenho
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n2p587Palavras-chave:
Ambiência, Celas de gestação, Instalações de reprodução, Manejo de leitões, Quarentena.Resumo
Com este estudo objetivou-se identificar o grau de adoção de diferentes fatores de produção em granjas comerciais de reprodução de suínos no Brasil. Foram coletadas informações de 150 granjas, totalizando 135.168 matrizes, incluindo informações gerais, mão de obra, genética, biosseguridade, instalações, manejo, alimentação e rendimentos produtivos referentes ao ano 2015. As granjas estavam localizadas nas regiões Sul (42%), Sudeste (45,3%) e Centro-Oeste (12,7%) do Brasil. Os rebanhos variaram entre 100 e 6.360 matrizes produtivas, com média de 901. Seu perfil predominante era de produção independente, com mão de obra contratada, e média de 88 matrizes por funcionário. Predominaram instalações com mais de 15 anos e sem reforma na última década, localizadas a menos de 5 km de outras unidades. A reposição de animais era realizada principalmente por compra e sem adoção de período de quarentena. Predominaram granjas que alojavam matrizes em celas no período pré-gestação e em baias ou celas/baias durante a gestação. Tanto pisos sólidos como ripados eram utilizados nessas fases, predominantemente de concreto; na maternidade predominou o uso de pisos ripados, seja de concreto, metal ou plástico. Comedouros tipo calha, que também operam como bebedouros, eram os mais utilizados na pré-gestação e gestação; na maternidade comedouros com água incorporada eram bastante difundidos. Dois terços das granjas não possuía sistema de refrigeração na maternidade. Para os leitões, prevaleceu o sistema de aquecimento acima do animal (lâmpadas e campânulas) em detrimento a pisos aquecidos. Mais de 60% das granjas fabricava sua própria ração e fornecia alimento uma única vez ao dia para matrizes gestantes. Apenas 29,9% das granjas utilizava ecógrafo para diagnóstico de gestação. O manejo de acompanhamento dos partos era rotina, contudo, um terço das granjas não observava partos durante a noite. O desmame em bandas era praticado por 15,44% das granjas. Mais da metade das granjas relatou não fazer qualquer intervenção na colostragem de leitões nascidos fracos ou pequenos, porém, 95,33% praticava a transferência de leitões entre leitegadas considerando seu tamanho e quantidade de nascidos vivos. Manejos de aparagem de dentes, caudectomia e castração cirúrgica eram rotina. Os índices zootécnicos dos rebanhos avaliados condizem com o que é percebido por levantamentos nacionais.Downloads
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