Coletiva Mulheres da Quebrada: práticas de cuidados coletivos como estratégias de resistência a estruturas interligadas de opressão
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2025v30e51631Palavras-chave:
cuidados coletivos, mulheres negras, Interseccionalidade, feminismo, território, periferiasResumo
Este artigo é construído com base em uma tese de doutorado, fruto de etnografia realizada junto à Coletiva Mulheres da Quebrada, um movimento de mulheres localizado no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte/MG. Pretende trazer reflexões sobre como essas mulheres, diante de estruturas interligadas de poder e opressão, agenciam resistências ancoradas em uma perspectiva autodefinida e interseccional por meio de práticas de cuidados coletivos com raízes em saberes ancestrais. Esse movimento questiona as dinâmicas desiguais de poder que relegam às mulheres negras e periféricas a maior parte da exploração e sobrecarga pelo trabalho de cuidar, contrastando com a falta de cuidados vivenciada por essas mulheres. As práticas de cuidados coletivos mobilizadas por esse movimento subvertem lógicas dualistas e dicotômicas, aliviam a (sobre) carga por meio da coletivização dos cuidados e apontam para a potencialidade da democratização e politização das práticas de cuidado, a partir de práticas localizadas, corporificadas, racializadas.
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