Mercado de armas de fogo pequenas e leves no Brasil: uma gênese do setor do período militar aos anos Lula
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2020v25n1p225Palavras-chave:
Mercado de armas de fogo pequenas e leves, Sociologia econômica, Construção social dos mercados, Estatuto de DesarmamentoResumo
O presente artigo tem como tema de investigação o mercado de armas de fogo existente no Brasil, com foco no mercado de armas pequenas e leves. O objetivo é apresentar uma gênese do setor, dando destaque para alguns pontos de inflexão e identificando variáveis que ajudam na construção e funcionamento do mercado. Inspira-se no argumento da sociologia econômica, o qual considera que mercados são construções sociais. Em termos metodológicos, realizamos pesquisa histórica para identificar a gênese do setor e pesquisa documental para mapeamento da legislação, dos embates entre defensores e críticos do mercado de arma de fogo e dos seus argumentos, além de acessar bancos de dados oficiais sobre o mercado. Os resultados apontam que, em sua gênese, houve uma forte simbiose entre empresas privadas e investimentos públicos no setor; no que se refere aos agentes, do lado dos defensores do mercado, temos uma confluência de empresas privadas e investimentos públicos no setor, assim como forte poder político, expresso na lenta tramitação do projeto de lei de 1999, que buscava regular o mercado. Do lado dos críticos, o grupo ganha visibilidade no Brasil após a vitória de Lula nas eleições de 2002, dando expressividade a um debate que relaciona porte de arma e homicídio e agilizando a aprovação do Estatuto de Desarmamento, de 2003.Referências
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