Relações de trabalho, gênero e geração das jovens camponesas em assentamentos de reforma agrária

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n3p248

Palavras-chave:

Jovem camponesa, Trabalho, Gênero, Geração

Resumo

O presente artigo analisa a inserção das jovens camponesas no trabalho do campo tendo como foco a questão de gênero e geração. Para esta análise, toma-se por referência pesquisa realizada em assentamento de reforma agrária no Estado do Paraná, com jovens entre 14 e 20 anos. Por meio da metodologia da história de vida e do grupo focal buscou-se compreender a trajetória de vida da juventude camponesa, em especial das jovens, e as relações de gênero que estabelecem no contexto do trabalho familiar. Argumenta-se que as hierarquias de gênero e geração, que estruturam as relações de poder em regimes patriarcais, são questionadas e/ ou subvertidas pelas jovens camponesas quando estas têm acesso à escolarização e tomam consciência das desigualdades de gênero. Isso se torna possível por meio de seu engajamento em movimentos sociais (de luta pela terra, juventude, mulheres) os quais permitem a construção de novas práticas e discursos, ressignificando o lugar social da jovem camponesa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sonia Fatima Schwendler, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Doutora em estudos ibéricos e latino americanos pela University Of London. Professora da Universidade Federal do Paraná - UFPR.

Catarina Rielli Vieira, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Mestre em Edução pela Universidade Federal do Paraná - UFPR.

Mariana Ribeiro Do Amaral, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

Referências

ABRAMO, Helena. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, Helena; BRANCO, Paulo P. (Org.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 37-72.

ABRAMOVAY, Ricardo. O capital social dos territórios: repensando o desenvolvimento rural. Fortaleza: Governo do Estado do Ceará, 1998.

ABREU, Marcos José de; SANTOS, Luiz Carlos Rebelatto dos; CAZELLA, Ademir Antônio. Rede ecovida de agroecologia: certificação participativa de produtos ecológicos e organização de núcleos regionais. Extensio UFSC, Florianópolis, v. 1, n. 1, 2004.

AGUIAR, Vilênia Venâncio Porto; STROPASOLAS, Valmir Luiz. As problemáticas de gênero e geração nas comunidades rurais de Santa Catarina. In: SCOTT, Parry; CORDEIRO, Rosineide; MENEZES, Marilda (Org.). Gênero e geração em contextos rurais. Florianópolis: Mulheres, 2010. p. 159-181.

ALTIERI, Miguel A. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. 3. ed. Rio de Janeiro: Expressão Popular, 2012.

ALTIERI, Miguel A. Agroecology, small farms, and food sovereignty. Monthly Review: An Independent Socialist Magazine, New York, v. 61, n. 3, p. 102-113, 2009.

ALVES, Maria de Fátima; VINHA, Janaina Francisca de Souza Campos. A juventude camponesa e a sua organização social e política: o território como categoria analítica. Pastoral da Juventude Rural. Recife, 20 dez. 2015. Disponível em: https://pjrbrasil.org/2015/12/20/a-juventude-camponesa-e-a-sua-organizacao-social-e-politica-o-territorio-como-categoria-analitica/. Acesso em: 10 mar. 2017.

ARIAS GUEVARA, María de los Ángeles; WESZ JUNIOR, Valdemar João. Género y agroecología: estudios de caso en Brasil. Agroecologia, Murcia, v. 7, n. 2, p. 101-110, 2012.

BNDES - BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. Circular SUP/AOI nº 16/2017. Rio de Janeiro, 2017.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Tradução Maria Helena Kuhner. 6. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

BOURDIEU, Pierre. Outline of a theory of practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

BOURDIEU, Pierre. Structures, habitus, practices. In: BOURDIEU, Pierre. The logic of practice. Cambridge: Polity Press, 1990. p. 52–65.

BRANCO, Maria Teresa Castelo; SILVA, Franciele J. Gazola. Representação social do trabalho pelos jovens Sem Terra da fazenda São Joaquim. In: SCHWENDLER, Sônia Fátima (Org.). Exercitando a cidadania no campo: a educação popular com trabalhadores Sem Terra. Curitiba: Ed. UFPR, 2006. p. 149-164.

BRUMER, Anita; PANDOLFO, Graziela Castro; CORADINI, Lucas. Gênero e agricultura familiar: projetos de jovens filhos de agricultores familiares na Região Sul do Brasil. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 8., 2008, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2008.

BRUNO, Regina et al. Razões da participação das mulheres rurais em grupos produtivos. In: NEVES, Delma Pessanha; MEDEIROS, Leonilde Servolo de (Org.). Mulheres camponesas: trabalho produtivo e engajamentos políticos. Niterói: Alternativa, 2013. p. 217-237.

BUTTO, Andrea; HORA, Karla. Integração regional e políticas para as mulheres rurais no Mercosul. In: SCOTT, Parry; CORDEIRO, Rosineide; MENEZES, Marilda (Org.). Gênero e geração em contextos rurais. Florianópolis: Mulheres, 2010. p. 123-155.

CASTRO, Elisa Guaraná de. Juventude rural no Brasil: processos de exclusão e a construção de um ator político. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, Manizales, v. 7, n. 1, p. 179-208, 2009. Disponível em: http://www.umanizales.edu.co/revistacinde/index.html. Acesso em: 2 mar. 2017.

CONNELL, Robert William. Políticas da masculinidade. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 185-206, jul./dez. 1995.

DEERE, Carmen Diana; LEÓN, Magdalena. Empowering women: land and property rights in Latin America. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2001. (Pitt Latin American Studies).

DESMARAIS, Annette Aurélie. The Via Campesina: peasant women on the frontiers of food sovereignty. Canadian Woman Studies, Toronto, v. 23, n. 1, p. 140-145, 2003.

ESMERALDO, Gema G. O protagonismo político de mulheres rurais por seu reconhecimento econômico e social. In: NEVES, Delma Pessanha; MEDEIROS, Leonilde Servolo de (Org.). Mulheres camponesas: trabalho produtivo e engajamentos políticos. Niterói: Alternativa, 2013. p. 237-256.

FRASER, Márcia Tourinho Dantas; GONDIM, Sônia Maria Guedes. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 14, n. 28, p. 139-152, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/paideia/v14n28/04.pdf. Acesso em: 10 jun. 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GASPARETO, Sirlei A. K.; MENEZES, Marilda A. As jovens do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) em Santa Catarina. In: NEVES, Delma Pessanha; MEDEIROS, Leonilde Servolo de (Org.). Mulheres camponesas: trabalho produtivo e engajamentos políticos. Niterói: Alternativa, 2013. p. 303-328.

GONDIM, Sônia Maria Guedes. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 12, n. 24, p. 149-161, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/paideia/v12n24/04.pdf. Acesso em: 4 maio 2014.

HEREDIA, Beatriz Maria Alásia de. A morada da vida: trabalho familiar de pequenos produtores do Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

INCRA - INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Cresce o número de mulheres titulares de terra da reforma agrária. 8 maio 2012. Disponível em: http://www.incra.gov.br/cresce-o-numero-de-mulheres-titulares-de-terra-da-reforma-agraria. Acesso em: 23 fev. 2018.

JACOBS, Susie. Gender and agrarian reform. New York: Routledge, 2010.

LEÃO, Geraldo; ANTUNES-ROCHA, Maria Isabel. In: Juventudes no/do campo: questões para um debate. LEÃO, Geraldo; ANTUNES-ROCHA, Maria Isabel (Org.). Juventudes do campo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. p. 17-27.

MARRE, Jacques Léon. História de vida e método biográfico. Cadernos de Sociologia, Porto Alegre, v. 3, n. 3, p. 89-141, jan./jul. 1991.

MARTINS, Fernando José (Org.). Práticas educativas da Via Campesina. Curitiba: CRV, 2014.

MEEK, David. Learning as territoriality: the political ecology of education in the Brazilian landless workers’ movement. The Journal of Peasant Studies, London, v. 42, n. 6, p. 1179-1200, 2015.

MONTEIRO, Denis. Agroecossistemas. In: CALDART, Roseli Salete et al. Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Expressão Popular, 2012. p. 65-71.

PAULILO, Maria Ignez. Movimentos das mulheres agricultoras e os muitos sentidos da “igualdade de gênero”. In: FERNANDES, Bernardo Mançano; MEDEIROS, Leonilde Servolo de; PAULILO, Maria Ignez (Org.). Lutas camponesas contemporâneas: condições, dilemas e conquistas. São Paulo: Ed. UNESP, 2009. p. 179-201. v. 2: A diversidade das formas das lutas no campo.

PORTELLI, Alessandro. What makes oral history different. In: PERKS, Robert; THOMSON, Alistair (Ed.). The oral history reader. 2nd ed. London: Routledge, 2006. p. 32-42.

RENK, Arlene; BADALOTTI, Rosana Maria; WINCKLER, Silvana. In: SCOTT, Parry; CORDEIRO, Rosineide; MENEZES, Marilda (Org.). Gênero e geração em contextos rurais. Florianópolis: Mulheres, 2010. p. 367-390.

RENK, Valquíria Elita. A educação dos imigrantes católicos em Curitiba. Curitiba: Champagnat, 2004. (Coleção Gralha Azul).

REZENDE, Simone A. Diálogo de Saberes no Encontro de Culturas: o desafio da construção do conhecimento em agroecologia na Educação do Campo. Dissertação de Mestrado. Curitiba: Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, 2018.

SALES, Celecina de Maria Veras. Mulheres jovens rurais: marcando seus espaços. In: SCOTT, Parry; CORDEIRO, Rosineide; MENEZES, Marilda (Org.). Gênero e geração em contextos rurais. Florianópolis: Mulheres, 2010. p. 423-448.

SCHWENDLER, Sônia Fátima. Dia internacional da mulher no campo brasileiro: novas formas de protesto político e de resistência. Revista da Faculdade de Direito da UFG, Goiânia, v. 38, n. 1, p. 50-80, jan./jun. 2014.

SCHWENDLER, Sônia Fátima. Feminismo camponês e popular: práticas, saberes e discursos de gênero, construídos nas conexões sociais e políticas dos movimentos sociais de campo. In: TAMANINI, Marlene; BOSCHILIA, Roseli; SCHWENDLER, Sônia Fátima (Org.). Teorias e políticas de gênero na contemporaneidade. Curitiba: Ed. UFPR, 2017. p. 141-172.

SCHWENDLER, Sônia Fátima. O processo pedagógico da luta de gênero na luta pela terra: o desafio de transformar práticas e relações sociais. Educar em Revista, Curitiba, n. 55, p. 87-109, jan./mar. 2015.

SCHWENDLER, Sônia Fátima. Women’s emancipation through participation in land struggle. 2013. Tese (Doutorado em Estudos Ibéricos e Latino-Americanos) - University of London, London, 2013.

SCHWENDLER, Sônia Fátima; THOMPSON, Lucia Amaranta. An education in gender and agroecology in Brazil’s landless rural workers’ movement. Gender and Education, Abingdon, v. 29, n. 1, p. 100-114, 2017.

SILVA, Carmem; PORTELLA, Ana Paula. Divisão sexual do trabalho em áreas rurais no nordeste brasileiro. In: SCOTT, Parry; CORDEIRO, Rosineide. Agricultura familiar e gênero: práticas, movimentos e políticas públicas. Recife: Ed. UFPE, 2006. p. 127-144.

STROPASOLAS, Valmir. Juventude rural: uma categoria social em construção. In: CONGRESOS BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 12., 2005, Belo Horizonte. Anais… Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Sociologia, 2005.

THOMPSON, Paul. The voice of the past: oral history. 2nd ed. Oxford: Oxford University Press, 1998.

TORINELLI, Michele. Assentamento contestado, laboratório de organização popular e agroecologia. In: JORNADA DE AGROECOLOGIA, 16., 2017, Lapa. Cadernos... [S.l.]: [s.n.], 2017.

VIEIRA, Catarina. As relações de gênero na organização da juventude Sem Terra. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2015.

VIEIRA, Catarina. Semeando a igualdade de gênero na escola itinerante Caminhos do Saber: uma relação entre movimento social e educação. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018.

WALBY, Sylvia. Gender transformations. London: Routledge, 1997.

WEISHEIMER, Nilson. Sobre a situação juvenil na agricultura familiar. In: LEÃO, Geraldo; ANTUNES-ROCHA, Maria Isabel (Org.). Juventudes do campo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. p. 31-52.

Downloads

Publicado

2018-12-29

Como Citar

SCHWENDLER, Sonia Fatima; RIELLI VIEIRA, Catarina; AMARAL, Mariana Ribeiro Do. Relações de trabalho, gênero e geração das jovens camponesas em assentamentos de reforma agrária. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 23, n. 3, p. 248–275, 2018. DOI: 10.5433/2176-6665.2018v23n3p248. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32738. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.