Pedagogia transnacional dos afetos: a experiência de mulheres negras na transformação do espaço acadêmico
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2025v30e51653Palavras-chave:
feminismo negro, América Latina, emoção, autoetnografiaResumo
Este artigo discute a descolonização dos estudos latino-americanos a partir de intelectuais negras. Como estudo de caso, analiso a disciplin a que criei e ministrei como professora visitante no Institute of Latin American Studies (ILAS) da universidade de Columbia em 2021. A disciplina debateu o papel da raça na construção da América Latina e as alternativas de existência e resistência elaboradas por intelectuais, artistas e ativistas negativamente racializados. O eixo central foi o conceito de amefricanidade (Gonzalez, 1988). A partir de uma bibliografia interdisciplinar, multimídia e majoritariamente negra, a disciplina desenvolveu uma abordagem decolonial que: incorporou as emoções na relação ensino e aprendizado; estimulou a autorreflexão coletiva sobre nossas posições nas estruturas de poder e flexibilizou a hierarquia entre quem aprende e quem ensina. Assim, a disciplina assumiu a decolonialidade não apenas no conteúdo, mas também na forma como as aulas foram realizadas. Este trabalho se baseia na autoetnografia como método de pesquisa e gênero de escrita.
Downloads
Referências
ALCOFF, Linda. Is Latino/a a racial identity?. In: GRACIA, Jorge; DEGREIFF, Pablo (ed.). Hispanics/Latinos in the United States: ethnicity, race, and rights. Abingdon: Psychology Press/Routledge, 2000. p. 23-44.
ALTAMIRANO, Teofilo. Liderazgo y organizaciones de peruanos en el exterior: culturas transnacionales e imaginarios sobre el desarrollo. v. 1. Lima: Pontificia Universidad Católica del Perú, 2000. DOI: https://doi.org/10.18800/9789972422249
ARAÚJO, Hellen C. da S. Primeiro experimento autoetnográfico: negra metida soy. In: REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL, 13, 2019. Porto Alegre, Anais eletrônicos [...] Porto Alegre: UFRGS, 2019. Disponível em: https://www.ram2019.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=94. Acesso em: 10 out. 2024.
BENTO, Cida. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BOCAFLOJA. Nana dijo. Quilomboarte, 2016. 1 vídeo (37:29 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fSeHXzAizWQ&t=271s.Acessoem:27set.2024.
COLLINS, Patricia H. Epistemologia Feminista Negra. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p. 139-170.
COLLINS, Patricia H. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 99-127, jan-abr. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100006
COSTA, Andréa Lopes; VIEIRA, José Jairo. O cenário de ação afirmativa e a desconstrução da elitização no Ensino Superior: notas para uma agenda de ação. O Social em Questão, Rio de Janeiro, v. 17, n. 32, p. 39-58, 2014.
COSTA, Andréa Lopes; PICANÇO, Felícia. Para além do acesso e da inclusão: impactos da raça sobre a evasão e a conclusão no Ensino Superior. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 39, p. 281-306, 2020. DOI: https://doi.org/10.25091/s01013300202000020003
DANIEL, Camila. A afroperuanidad como identidade hemisférica: a construção de identidades raciais e políticas na experiência migratória negra. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, Pelotas, v. 9, n. 1, p. 236-258, 2021. DOI: https://doi.org/10.15210/tes.v9i1.19329
DANIEL, Camila. "When I discovered I was índia": racialization processes in the migratory experiences of Peruvians in Rio Janeiro. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-19, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-43412020v17d701
DANIEL, Camila. "Morena": a epistemologia feminista negra contra o racismo no trabalho de campo. Humanidades e Inovação, Palmas, v. 16, n. 6, p. 23-34, 2019.
DANIEL, Camila. When Baltimore became home. Latinas en Baltimore, 2018. 1 vídeo (7:32 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I4wYWzs3PO0.Acessoem:9set.2024.DIAS,LucianadeO.Quasedafamília:corposecamposmarcadospeloracismoepelomachismo.Humanidades&Inovação,Palmas,v.6,n.16,p.8-12,2019.
DÍAZ-BENÍTEZ, María Elvira; GADELHA, Kaciano; RANGEL, Everton. Nojo, humilhação e desprezo: uma antropologia das emoções hostis e da hierarquia social. Anuário Antropológico, Brasília, v. 46, n. 3, p. 10-29, 2021. DOI: https://doi.org/10.4000/aa.8898
FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser afetado. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 155-161, 2005. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v13i13p155-161
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. In: FILHOS DA ÁFRICA (org.). Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018a. p. 307-320.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: FILHOS DA ÁFRICA (org.). Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018b. p. 77-81.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, v. 1, p. 69-82, jan./jun, 1988.
MCCLAURIN, Irma. Theorizing a Black Feminist Self in Anthropology: Toward an Autoethnographic Approach. In: MCCLAURIN, Irma (ed.). Black Feminist Anthropology: Theory, Politics, Praxis and Poetics. Piscataway: Rutgers University Press, 2001. p. 49-76. DOI: https://doi.org/10.36019/9781978843318-007
MORENO, Mónica. ¿De qué sirve el asco? Racismo antinegro en México. Cidade do México, 2020. Disponível em: https://www.revistadelauniversidad.mx/articles/1d9d5638-d8fb-46b1-a0bc-b74715ec5994/de-que-sirve-el-asco-racismo-antinegro-en-mexico. Acesso em: 13 ago. 2024.
OBOLER, Suzanne. "It must be a fake!": race ideologies, identities and the question of rights. In: GRACIA, Jorge; DEGREIFF, Pablo. (ed.). Hispanics/Latinos in the United States: ethnicity, race, and rights. Abingdon: Psychology Press/Routledge, 2000. p. 125-145.
ORO, Paul. "Ni de aquí, ni de allá": Garífuna Subjectivities and the Politics of Diasporic Belonging. In: RIVERA-RIDEAU, Petra, JONES Jennifer, PASCHEL, Tianna (ed.). Afro-Latin@s in Movement, Afro-Latin@ Diasporas. New York: Palgrave Macmillan, 2016. p. 61-83. DOI: https://doi.org/10.1057/978-1-137-59874-5_3
PINHO, Patrícia. Decentering the United States in the studies of Blackness in Brazil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 2, n. 1, p. 1-19, 2006.
RATTS, A. Corpos negros educados: notas acerca do movimento negro de base acadêmica. NGUZU: Revista do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos, Londrina, v. 1, n. 1, p. 28-39, 2011.
SEGATO, Rita. 2005. Raça é signo. Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, v. 372, p. 1-16, 2005. Disponível em: http://www.direito.mppr.mp.br/arquivos/File/segatoracaesigno.pdf. Acesso em: 23 ago 2024.
SILVA, Joselina da; EUCLIDES, Maria S. Autoetnografia feminista negra dialogada: referência de epistemologias possíveis. Semina: Ciências Sociais e Humanas, v. 43, n. 2, p. 175-186, 2022. DOI: https://doi.org/10.5433/1679-0383.2022v43n2p175
SILVA, Joselina; EUCLIDES, Maria Simone. Dialogando autoetnografias negras: intersecções de vozes, saberes e práticas docentes. Práxis Educacional, v. 15, n. 32, p. 33-52, 2019.
SIMMEL, Georg. O estrangeiro. In: MORAES FILHO, E. (org.). George Simmel: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 182-188.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 camila daniel

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais relativos aos artigos publicados em Mediações são do(a)s autore(a)s; solicita-se aos(às) autore(a)s, em caso de republicação parcial ou total da primeira publicação, a indicação da publicação original no periódico.
Mediações utiliza a licença Creative Commons Attribution 4.0 International, que prevê Acesso Aberto, facultando a qualquer usuário(a) a leitura, o download, a cópia e a disseminação de seu conteúdo, desde que adequadamente referenciado.
As opiniões emitidas pelo(a)s autore(a)s dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.






























