Análise linguística e letramentos críticos: interfaces possíveis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2022v22n4Espp188-216

Palavras-chave:

Análise linguística, Ensino de português, Letramentos críticos

Resumo

Este artigo discute, de forma exploratória, possíveis interfaces entre práticas de análise linguística (AL) e a perspectiva dos letramentos críticos, com vistas a uma educação emancipatória (FREIRE, 1989), que invista na formação crítica dos estudantes. O percurso metodológico adotado neste trabalho de natureza bibliográfica consistiu da apresentação da perspectiva dos letramentos críticos (JANKS, 2000, 2010, 2012, 2013; KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2020; LUKE; WOODS, 2009; LUKE, 2012), buscando elaborar uma visada que os relacione ao trabalho com língua(gens) na escola. Foram ainda trazidos à discussão aspectos relacionados ao que se compreende por práticas de análise linguística, tanto a partir de estudos acadêmicos (BEZERRA; REINALDO, 2020; GERALDI, 1999; MENDONÇA, 2022) quanto de referenciais curriculares brasileiros (BRASIL, 1998; BRASIL 2018) e, então, foram estabelecidas relações entre os letramentos críticos e a proposta de trabalho com práticas de AL. Ainda que originadas em tempos e espaços de produção do saber distintos, essas perspectivas mencionadas, na educação básica, dialogam muito proximamente no que tange ao importante papel da reflexão sobre a língua(gem) nas práticas escolares contemporâneas e aos princípios formativos envolvidos nessa reflexão.

Biografia do Autor

Lucas dos Santos Costa, Universidade Estadual de Campinas

Mestrando em Linguística Aplicada na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Graduado em Letras - Licenciatura em português, inglês e suas respectivas literaturas pela Universidade de Gurupi (UnirG).

Márcia Mendonça, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Integra o Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Unicamp, (PPGLA) na linha de Linguagens e Educação Linguística e é professora dA Licenciatura em Letras da Unicamp. Centra suas pesquisas em ensino de língua materna, com interesse em práticas de letramentos e de novos multiletramentos, análise linguística, materiais didáticos, formação e trabalho docente, escrita em contexto de vestibular e organização curricular. Realiza assessorias a órgãos públicos e é autora de materiais didáticos para EJA e para Educação no Campo. Coordenou, com Marcos Lopes e Anna Bentes, o PIBID Letras Unicamp por duas edições (2014-2017; 2017-2028) e, junto com Jacqueline Barbosa e Marcos Lopes, a Residência Pedagógica (RP) do curso de Letras, de outubro de 2020 a janeiro de 2021 (edital 2020-2022). Lidera o grupo de Pesquisa (Multi)Letramentos e ensino de língua portuguesa (MELP), certificado pelo CNPQ (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/229804; https://www2.iel.unicamp.br/melp/sobre/ ). Atualmente é Coordenadora Acadêmica da COMVEST (Unicamp) pela segunda gestão (2017-2021; 2021-2024) sendo responsável pela coordenação de bancas do vestibular desta universidade.

   

Referências

ACOSTA-PEREIRA, R. A prática de análise linguística nas aulas de língua portuguesa: por uma ancoragem dialógica. RevLet – Revista Virtual de Letras, Jataí, v. 10, n. 1, p. 182-200, 2018. Disponível em: http://www.revlet.com.br/artigos/460.pdf. Acesso em: 19 dez. 2022.

BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

BEZERRA, M. A.; REINALDO, M. A. Análise linguística: afinal a que se refere? 2. ed. Recife: Pipa Comunicação, 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores para a educação básica e institui a base nacional comum para a formação inicial de professores da educação básica (bnc-formação). Brasília: MEC, 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=135951-rcp002-19&category_slug=dezembro-2019-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 09 dez. 2022.

CASSANY, D.; CASTELLÀ, J. M. Aproximación a la literacidad crítica. Perspectiva, Florianópolis, v. 28, n. 2, p. 353-374, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/2175-795X.2010v28n2p353/18441. Acesso em: 06 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-795X.2010v28n2p353

CHARTIER, A. M. A ação docente: entre saberes práticos e saberes teóricos. In: CHARTIER, A. M. I: história e atualidade. Belo Horizonte: Ceale, 2007. p. 185-207.

CORREIA NETO, L. D. A atividade docente com o estudo sobre a língua no ensino fundamental II: as tramas do trabalho real em perspectiva. 2020. 341 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37715. Acesso em: 6 jul. 2022.

FRANCHI, C. Criatividade e gramática. In: POSSENTI, S. (org.). Mas o que é mesmo gramática?. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 34-101.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1989.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 74. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2020.

GARCIA, A.; LUKE, A.; SEGLEM, R. Looking at the next 20 years of multiliteracies: a discussion with Allan Luke. Theory into Practice, Columbus, v. 57, n. 1, p. 72-78, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1080/00405841.2017.1390330. Acesso em: 6 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.1080/00405841.2017.1390330

GERALDI, J. W. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas: Mercado de Letras, 1999.

GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1984.

GRAMATICOTECA. Bem vind@s à gramaticoteca. São Paulo: Gramaticoteca, c2020. Disponível em: https://www.gramaticoteca.com. Acesso em: 6 jul. 2022.

GREEN, P. Critical literacy revisited. In: FEHRING, H.; GREEN, P. (ed.). Critical

literacy: a collection of articles from the australian literacy educators' association. Australia: Australian Literacy Educators' Association, 2001. p. 7-14.

JANKS, H. Critical literacy in teaching and research. Education Inquiry, [s. l.], v. 4, n. 2, p. 225-242, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.3402/edui.v4i2.22071. Acesso em: 6 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.3402/edui.v4i2.22071

JANKS, H.; DIXON, K.; FERREIRA, A.; GRANVILLE, S.; NEWFIELD, D. Doing critical literacy: texts and activities for students and teachers. New York: Routledge, 2014. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203118627

JANKS, H. Domination, Acess, Diversity and Design: a synthesis for critical literacy education. Educational Review, v. 52, n. 2, 2000. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/713664035. Acesso em: 06 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.1080/713664035

JANKS, H. Literacy and power. New York: Routledge, 2010. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203869956

JANKS, H. The importance of critical literacy. English Teaching: Practice and Critique, [s. l.], v. 11, n. 1, p. 150-163, May 2012. Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ970245.pdf. Acesso em: 6 jul. 2022.

KALANTZIS, M.; COPE, B.; PINHEIRO, P. Letramentos. Tradução: Petrilson Pinheiro. Campinas: Editora da Unicamp, 2020.

KLEIMAN, A. O processo de aculturação pela escrita: ensino da forma ou aprendizagem da função? In: KLEIMAN, A.; SIGNORINI, I. (org.) O ensino e a formação do professor: alfabetização de jovens e adultos. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 223-243.

KOCH, I. Referenciação e orientação argumentativa. In: KOCH, I. V.; MORATO, E. M.; BENTES, A. C. (org.). Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005. p. 33-52.

LESSARD, C. Reformas curriculares e trabalho docente: natureza e graus de prescrições do trabalho. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 17, n. 30, p. 43-58, 2008. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/issue/view/227/126. Acesso em: 20 dez. 2022.

LUKE, A. Critical literacy: foundational notes. Theory Into Practice, Columbus, v. 51, n.1, p. 4-11, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1080/00405841.2012.636324. Acesso em: 6 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.1080/00405841.2012.636324

LUKE, A.; WOODS, A. Critical literacies in schools: a primer. Voices from the Middle, [s. l.], v. 17, n. 2, p. 9-18, 2009. Disponível em: https://eprints.qut.edu.au/27520/. Acesso em: 6 jul. 2022.

MENDONÇA, M. Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro objeto. In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (org.). Português no ensino médio e formação do professor. 2. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2022. p. 187-218.

MENDONÇA, M. Práticas de análise linguística, modalização e referenciação: ampliando e conectando objetos de ensino. In: PEREIRA, R. A.; COSTA-HÜBES, T. C. (org.). Prática de análise linguística nas aulas de Língua Portuguesa. São Carlos: Pedro & João Editores, 2021. p. 219-243.

NEW LONDON GROUP. A pedagogy of multiliteracies: designing social futures. In: COPE, B.; KALANTZIS, M. (ed.). Multiliteracies: literacy learning and the design of social futures. London: Routledge, 2000. p. 9-37.

OLIVEIRA, N. F. Análise linguística em dois LDs do ensino médio: estudo comparativo das edições de 2006 e 2015 do PNLD-EM. Campinas: UNICAMP, 2018.

PERINI, M. Sofrendo a gramática: ensaios sobre a linguagem. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000.

RAJAGOPALAN, K. Política linguística: do que é que se trata, afinal?. In: NICOLAIDES, C. et al. (org.). Política e políticas linguísticas. Campinas: Pontes, 2013. p. 19-42.

ROJO, R.; MOURA, E. Letramentos, mídias, linguagens. São Paulo: Parábola Editorial, 2019.

SANTOS, T. C. dos. O "novo" para o ensino da língua portuguesa na década de 1980: a constituição da disciplina escolar português. Letras & Letras, Uberlândia, v. 29, n. 2, p. 1-19, 2014. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/download/25984/14270/101313. Acesso em: 19 dez. 2022.

SIEGEL, M.; FERNANDEZ, S. L. Critical approaches. In: KAMIL, M. L.; MOSENTHAL, P.; PEARSON, P. D.; BARR, R. (ed.). Handbook of reading research. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 2000. v. 3.

SILVA, W.; GUIMARÃES, E.; MEDEIROS, I. Construção de objetos de conhecimento para aulas de língua portuguesa na abordagem do letramento científico. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 18, n. 1, p. 159-191, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1984-6398201812288. Acesso em: 14 dez. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-6398201812288

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

TENÓRIO, F. J.; SILVA, A. Ensino de gramática/análise linguística: uma professora, múltiplas práticas. Linhas Críticas, Brasília, v. 21, n. 46, p. 727–749, 2016. DOI: 10.26512/lc.v21i46.4714. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/4714. Acesso em: 6 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.26512/lc.v21i46.4714

Downloads

Publicado

31-12-2022

Como Citar

COSTA, Lucas dos Santos; MENDONÇA, Márcia Rodrigues de Souza. Análise linguística e letramentos críticos: interfaces possíveis. Entretextos, Londrina, v. 22, n. 4Esp, p. 188–216, 2022. DOI: 10.5433/1519-5392.2022v22n4Espp188-216. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/46686. Acesso em: 22 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos - Dossiê: Ensino e aprendizagem na perspectiva da Linguística Aplicada: estudos da/para a sala de aula