A escrevivência de Conceição Evaristo e a literatura como resistência: diálogos insurgentes em Olhos d’água
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2024v24n3p80-96Palavras-chave:
Racismo Estrutural, Conceição Evaristo, teor testemunhalResumo
O século XX foi farto de conflitos que engendraram as discussões da teoria do testemunho, vindo a se materializar por meio de faces da literatura que versam sobre as agruras de diferentes segmentos da sociedade e sendo fortemente comprometida com a verdade dos fatos históricos. Mediante o exposto, o objetivo principal deste artigo é examinar o livro de contos Olhos D’água, de Conceição Evaristo (2018), obra de ficção, mas com descrições pujantes da vida da população afrodescendente brasileira e o seu processo de aniquilação frente a um Estado arbitrário. Quanto ao escopo teórico, ancora–se na noção de teor testemunhal de Seligmann-Silva e, sobretudo, no diálogo com o racismo estrutural brasileiro, via textos de Ribeiro e de Almeida. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, e como resultado constatou-se que a obra produz uma discussão sobre o racismo e a condição da mulher negra face à opressão da sociedade.
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