Sobre contar e ouvir verdades e mentirinhas: considerações sobre narrativas a partir de livros infantis e brincadeiras em uma sala de aula

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2015v10.e31475

Palavras-chave:

Narrativas orais infantis, Literatura infantil, Brincadeiras e jogos, Etnografia, Escola,

Resumo

Neste artigo, busco discutir as narrativas orais elaboradas por crianças principalmente a partir de um diálogo com as narrativas escritas por adultos, mas voltadas para crianças – como as de livros infantis e histórias de contos de fadas. Para isso, desenvolvo algumas das narrativas, brincadeiras e questionamentos com os quais entrei em contato por meio de uma etnografia realizada com crianças entre três e sete anos de idade em uma escola no Rio de Janeiro. Com base nos relatos obtidos no trabalho de campo, apresento ainda algumas das discussões levantadas na sala de aula, sobre as distinções entre quais narrativas são “de verdade” e quais são “de mentirinha”, delineando um breve diálogo entre essa distinção tal como operada pelas crianças e tal como conceptualizada por aqueles que são tidos como os primeiros pensadores da antropologia.

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Biografia do Autor

Guilherme Fians, University of Manchester

Mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN-UFRJ). doutorando em Antropologia Social na University of Manchester.

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Publicado

2015-10-29

Como Citar

Fians, G. (2015). Sobre contar e ouvir verdades e mentirinhas: considerações sobre narrativas a partir de livros infantis e brincadeiras em uma sala de aula. Boitatá, 10(20), 48–88. https://doi.org/10.5433/boitata.2015v10.e31475

Edição

Seção

Dossiê