O hábito faz o monge? frequência e autopercepção religiosas no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2014v19n1p187Palavras-chave:
Frequência religiosa, Autodeclaração, Evangélicos, CatólicosResumo
Utilizando a pesquisa Valores e Religião no Brasil (PVRB), este artigo apresenta dados sobre frequência e autopercepção religiosas de católicos e evangélicos. Embora os evangélicos sejam mais envolvidos com a religião que os católicos, surpreende que ambos sejam semelhantemente devotos na reza/oração e que, entre os evangélicos, os pentecostais e os históricos apresentem porcentagens de participação religiosa quase idênticas. Simula-se a distribuição das religiões brasileiras a partir do filtro de alta frequência e também a probabilidade de filiação a partir das práticas religiosas observadas. Os resultados evidenciam diminuição do grupo de católicos e aumento do de pentecostais em proporções maiores que as do Censo de 2010, e demonstram que a probabilidade de ser católico no Brasil independe da intensidade da prática religiosa adotada.Referências
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