Uma teoria política histórica: o republicanismo comtiano
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2022v27n1e44479Palavras-chave:
Teoria política, Historicidade, Republicanismo, Augusto Comte, PositivismoResumo
O presente artigo apresenta a teoria política proposta por Augusto Comte, também indicando a sua inspiração histórica, em termos teóricos, políticos e epistemológicos. Para Comte, o conhecimento é histórico, no sentido de que se exige uma elaboração teórica e metodológica cumulativa para que a realidade possa ser conhecida; por outro lado, a teorização sociológica exige a compreensão dessa historicidade, o que resulta em um relativismo epistemológico e político. Esses elementos, entre outros, sustentam o republicanismo comtiano, entendido como um regime humano, laico, racional e altruísta. A república é o regime que consagra o bem comum e é a realização política da "sociocracia", a organização social própria à modernidade positiva. O artigo possui um caráter teórico, baseando-se na consulta direta aos textos comtianos e em literatura interpretativa secundária.Downloads
Referências
BIGNOTTO, Newton (org.). Matrizes do republicanismo. Belo Horizonte: UFMG, 2013.
BOSSUET, Jacques. Politique de Bossuet. Paris: A. Colin, 1965.
BOURDEAU, Michel. Auguste Comte et la religion positiviste. Revue des sciences philosophiques et théologiques, Paris, v. 87, n. 1, p. 5-21, 2003. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-des-sciences-philosophiques-et-theologiques-2003-1-page-5.htm. Acesso em: 26 abr. 2022.
BOURDEAU, Michel. L'Idée de point de vue sociologique: la philosophie des sciences comme sociologie des sciences chez Auguste Comte. Cahiers internationaux de sociologie, Paris, v. 117, p. 225-238, 2004. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-cahiers-internationaux-de-sociologie-2004-2-page-225.htm. Acesso em: 26 abr. 2022.
BRAUNSTEIN, Jean-François. La philosophie de la médecine Auguste Comte. Paris: Presses Universitaires de France, 2009.
CARDOSO, Sérgio (org.). Retorno ao republicanismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.
COMTE, Auguste. Apelos aos conservadores. Rio de Janeiro: Igreja Positivista do Brasil, 1899.
COMTE, Auguste. Catecismo positivista, ou sumária apresentação da Religião universal. 4. ed. Rio de Janeiro: Apostolado Positivista do Brasil, 1934.
COMTE, Auguste. Cours de philosophie positive. 5. ed. Paris: Société Positiviste, 1894.
COMTE, Auguste. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: M. Fontes, 1990a.
COMTE, Auguste. Lettre au dr. Audiffrent, 12 février 1857. In: COMTE, Auguste. Correspondance générale et confessions. Prefácio Angèle Kremer-Marietti. Paris: l'EHESS, 1990b. p. 399-402. Edição Paulo Estevão de Berrêdo Carneiro. (Archives Positivistes, v. 8, 1855-1857).
COMTE, Auguste. Opúsculos de filosofia social. São Paulo: USP, 1972.
COMTE, Augusto. Quarante-huitième leçon: Caractères fondamentaux de la méthode positive dans létude rationelle des phénomènes sociaux. In: COMTE, Augusto. Leçons de Sociologie. Paris: GF-Flammarion, 1995[1836]. p. 269-486.
COMTE, Auguste. Synthèse subjective ou système universel des conceptions propres a l'état normal de l'Humanité. Paris: Fayard, 2000.
COMTE, Auguste. Système de politique positive ou traité de Sociologie instituant la Religion de l'Humanité. 4. ed. Paris: Larousse, 1929[1852]. v. 1-4.
DUMONT, Louis. Homo Hierarchicus: the caste system and its implications. 2. ed. Chicago: University of Chicago Press, 1995.
FEDI, Laurent. Comte. Belo Horizonte: Estação Liberdade, 2008.
FURET, François. L'Idée de république et l'histoire de France au XIXe siècle. In: Ozouf, Mona; Furet, François (org.). Le Siècle de l'avènement républicain. Paris: Gallimard, 1993. p. 287-312.
GANE, Mike. Auguste Comte. London: Routledge, 2006.
Gelderen, Martin van; Skinner, Quentin (ed.). Republicanism, a Shared European Heritage. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. (The Values of Republicanism in Early Modern Europe, v. 2).
GIDDENS, Anthony. Comte, Popper e o Positivismo. In: GIDDENS, Anthony. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo. Tradução Cibele Saliba Rizek. São Paulo: Editora Unesp, 1998. p. 169-239. Disponível em: https://afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Giddens,%20Anthony/Politica,%20Sociologia%20E%20Teoria%20Social.pdf. Acesso em: 26 abr. 2022.
GOLDFARB, Denis Paulo; Rodrigues, Domingos Gomes; Crossi Filho, Onofre; Foelker, Rita De Cássia. A filosofia da ciência em Augusto Comte: desvencilhando o pensamento comteano de mal-entendidos históricos. Revista Inquietude - Revista dos Estudantes de Filosofia da UFG, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 33-55, 2012. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1kMC0rZtYmczIxAf_4eYAIKYulnTaBfHD/view. Acesso em: 26 abr. 2022.
GRANGE, Juliette. Expliquer et comprendre de Comte à Dilthey. In: ZACCAÃ-REYNERS, Nathalie. (ed.). Explication-compréhension: Regards sur les sources et l'actualité d'une controverse épistémologique. Bruxelles: Université de Bruxelles, 2003. p. 13-34.
GRANGE, Juliette. La philosophie d'Auguste Comte: science, politique, religion. Paris: Presses Universitaires de France, 1996.
JUDT, Tony. Passado imperfeito: um olhar crítico sobre a intelectualidade francesa no pós-guerra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
KOSELLECK, Reinhardt. Futuro passado. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.
KREMER-MARIETTI, Angèle. Le biologique et le social chez Auguste Comte: Rapport et conséquence. In: KREMER-MARIETTI, Angèle. Le kaléidoscope épistémologique d'Auguste Comte: sentiments images signes. Paris: Editions L'Harmattan, 2007a. p. 64-90.
KREMER-MARIETTI, Angèle. Le kaléidoscope épistémologique d'Auguste Comte: Sentiments images signes. Paris: Editions L'Harmattan, 2007b.
LACERDA, Gustavo Biscaia de. As críticas de Augusto Comte à Economia Política. Política & Sociedade, Florianópolis, v. 8, n. 15, 2009a. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-7984.2009v8n15p73/11038. Acesso em: 27 abr. 2022.
Lacerda, Gustavo Biscaia de. Fairness in the Thought of John Rawls and Auguste Comte. Brazilian Political Science Review, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 58-92, 2009b. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3943/394341993003.pdf. Acesso em: 27 abr. 2022.
LACERDA, Gustavo Biscaia de. Laicidade(s) e república(s): as liberdades face à religião e ao Estado. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 33., 2009, Caxambu. Anais [...]. Caxambu: [s. n.], 2009c. p. 2-29. Disponível em: http://www.nepp-dh.ufrj.br/ole/textos/GustavoLacerda.pdf. Acesso em: 27 abr. 2022.
LACERDA, Gustavo Biscaia de. O momento comtiano: república e política no pensamento de Augusto Comte. Curitiba: UFPR, 2019.
LACERDA, Gustavo Biscaia de. O Positivismo e o conceito de "metafísica". In: LACERDA, Gustavo Biscaia de. Positivismo, Augusto Comte e Epistemologia das Ciências Humanas e Naturais. Marília: Poiesis Editora, 2016a. e-book.
LACERDA, Gustavo Biscaia de. Política e violência no Positivismo de Augusto Comte. In: PERISSINOTTO, Renato; LACERDA, Gustavo Biscaia de; SZWAKO, José. (org.). Curso livre de teoria política: normatividade e empiria. Curitiba: APPRIS, 2016b. p. 95-128.
LAZINIER, Emmanuel. Qu'est-ce qui rend Auguste Comte si étrange et si "chinois". [S. l.: s. n.], c1996. Auguste Comte 1798 - 1857 et le positivisme / And Positivism. Disponível em: http://confucius.chez.com/clotilde/strange.xml. Acesso em: 27 abr. 2022.
LINS, Ivan Monteiro de Barros. História do Positivismo no Brasil. Brasília: Senado Federal, 2009.
MAISTRE, Joseph de. Du pape. Paris: J. B. Pélagaud, 1862.
MAISTRE, Joseph de. Les soireÌes de Saint-PeÌtersbourg; ou, Entretiens sur le gouvernement temporel de la Providence. Paris: La Colombe, 1960.
MCCORMICK, John Patrick. Machiavellian Democracy. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.
MENDES, Raimundo Teixeira. As últimas concepções de Augusto Comte ou ensaio de um complemento ao Catecismo positivista. Rio de Janeiro: Igreja Positivista do Brasil, 1898.
NICOLET, Claude. L'idée républicaine en France (1789-1924). 2. ed. Paris: Gallimard, 1995.
PETIT, Annie. Auguste Comte: Trajectoires positivistes 1798-1998. Paris: L'Harmattan, 2006.
PETTIT, Phillip. Republicanism: A Theory of Freedom and Government. Oxford: Oxford University, 1997.
PICKERING, Mary. Augusto Comte e a esfera pública de Habermas. In: TRINDADE, Hélgio. (org.). O Positivismo: Teoria e prática. 3. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2007.
POCOCK, John Greville Agard. The Machiavellian Moment. Florentine Political Thought and the Atlantic Republican Tradition. 2. ed. New Jersey: Princeton University Press, 2003.
SARTORI, Giovanni. A teoria da democracia revisitada. São Paulo: Editora Ática, 1994.
SILVA, Ricardo V. Liberdade e lei no neo-republicanismo de Skinner e Pettit. Lua Nova, São Paulo, n. 74, p. 151-194, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/z7x4mkpvVTJVMn9wPSHWMNq/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2022.
SKINNER, Quentin. A liberdade antes do liberalismo. São Paulo: Unesp, 1999.
SKINNER, Quentin. Visions of Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. (Regarding Method, v. 1).
SOARES, Mozart Pereira. O Positivismo no Brasil: 200 anos de Augusto Comte. Porto Alegre: UFRGS, 1998.
SOCIÉTÉ POSITIVISTE. Rapport à la Société Positiviste par la comission chargée d'examiner la question du travail (24 mai 1848). In: COMTE, Auguste. Correspondance générale et confessions. Prefácio Paul Arbousse-Bastide. Paris: l'EHESS, 1981. Edição Paulo Estevão de Berrêdo Carneiro. (Archives Positivistes, v. 4: 1846-1848).
SPITZ, Jean-Fabien Spitz. Le Moment républicain en France. Paris: Gallimard, 2005.
MILL, John Stuart. Auguste Comte and Positivism. Reprinted from The Westminster Review. Gale and the British Library. London: N. Trübner & Co., 1865.
TORRES, Ângelo. O léxico de Augusto Comte: criptografia e filosofia. Marília: Poiesis Editora, 2020.
WACQUANT, Loïc J. D. Positivismo. In: OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Thomas. (org.). Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1996. p. 592-596.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Gustavo Biscaia de Lacerda

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais relativos aos artigos publicados em Mediações são do(a)s autore(a)s; solicita-se aos(às) autore(a)s, em caso de republicação parcial ou total da primeira publicação, a indicação da publicação original no periódico.
Mediações utiliza a licença Creative Commons Attribution 4.0 International, que prevê Acesso Aberto, facultando a qualquer usuário(a) a leitura, o download, a cópia e a disseminação de seu conteúdo, desde que adequadamente referenciado.
As opiniões emitidas pelo(a)s autore(a)s dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.






























