O “bem básico” como princípio substantivo da ação desconfiada: a economia de tensão em viagens de ônibus na cidade do Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2017v22n1p367

Palavras-chave:

Violência Urbana, Pragmatismo, Desconfiança

Resumo

Neste artigo é analisado como as práticas de desconfiança mobilizadas no Rio de Janeiro por usuários pagantes e funcionários de ônibus urbanos, frente aos diferentes “perigos” projetados por eles sobre a cidade, possuem como princípio substantivo a expectativa de dano quanto à integridade física e patrimonial, elementos componentes do proposto como “bem básico”. Explorando esta forma de bem, é trabalhado como a desconfiança ainda permite uma economia quanto ao gasto de energia que seria mobilizado com a tensão pela concretização dos “perigos” então evitados ou afastados. Trata-se, portanto, de compreender os elementos que permitem a efetivação de ações desconfiadas na cidade do Rio de Janeiro.

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Biografia do Autor

Vittorio Talone, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutor em Sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

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Publicado

2017-09-19

Como Citar

TALONE, V. O “bem básico” como princípio substantivo da ação desconfiada: a economia de tensão em viagens de ônibus na cidade do Rio de Janeiro. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 22, n. 1, p. 367–389, 2017. DOI: 10.5433/2176-6665.2017v22n1p367. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/24632. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos