A feminização da violência contra o idoso e as delegacias de polícia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2012v17n2p196

Palavras-chave:

Velhice, Violência, Delegacias especiais de polícia, Gênero

Resumo

A violência contra o idoso é considerada violação dos direitos humanos, e o Brasil tem se empenhado em garantir os direitos dos mais velhos. Com o interesse de discutir os dilemas envolvidos nas iniciativas adotadas no país, o artigo analisa como as agressões contra homens e mulheres mais velhos são tratadas pela polícia, revelando a desconexão entre a imagem que os policiais têm da velhice e o idoso que de fato recorre à polícia. O argumento central é que essa desconexão leva à invisibilidade da violência perpetrada, à feminização da velhice e à consideração de que os crimes são fruto de um déficit da moral familiar. A dinâmica do funcionamento das delegacias as transforma em instâncias voltadas à judicialização das relações na família, e o idoso, de sujeito de direitos, passa a ser objeto da violência familiar.

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Biografia do Autor

Guita Grin Debert, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo - USP. Professora da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Amanda Marques de Oliveira, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

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Publicado

2012-12-31

Como Citar

GRIN DEBERT, Guita; OLIVEIRA, Amanda Marques de. A feminização da violência contra o idoso e as delegacias de polícia. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 17, n. 2, p. 196–213, 2012. DOI: 10.5433/2176-6665.2012v17n2p196. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/14030. Acesso em: 18 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê