Análise da conversação de dois alunos surdos aprendendo inglês: a organização do reparo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2010v10n1p34

Palavras-chave:

Reparo, Fala-em-interação institucional, Alunos surdos, Língua inglesa, Libras

Resumo

Análise da Conversação (AC) com alunos surdos? Sim, uma vez quea língua utilizada pela comunidade surda, Libras, é uma língua natural realizada por meio de um canal gesto-visual. AC é o estudo da fala em situações cotidianas em que há uma interação natural, denominada de fala-em-interação. Seu objetivo maior é compreender como a sequência de fala é gerada e negociada. Esse artigo se enquadra na AC aplicada por se basear numa interação institucional: a sala de aula de inglês. O intuito é verificar o que acontece quando três participantes estão engajados no entendimento não só da Língua Inglesa, como também da Língua Portuguesa e Libras. Isso é feito levando-se em conta um subsistema da AC, o fenômeno “reparo” (HUTCHBY e WOOFFITT, 2004; SCHEGLOFF, 2007; HAVE, 2007). O reparo é necessário para sustentar a intersubjetividade de uma interação e garantir a mútua compreensão entre os participantes. Esse estudo mostra que os alunos surdos buscam compreender a língua inglesa e, por meio do reparo, eles questionam, solicitam repetições, confirmações, são corrigidos quando produzem um sinal equivocado. O reparo em sala de aula serve para corrigir, orientar, reformular e organizar o processo comunicativo.

Biografia do Autor

Tânitha Gléria de Medeiros, Universidade Federal de Goiás

Mestranda em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. 

Maria Cristina Faria Dalacorte Ferreira, Universidade Federal de Goiás

Doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora da Universidade Federal de Goiás.

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Como Citar

MEDEIROS, Tânitha Gléria de; FERREIRA, Maria Cristina Faria Dalacorte. Análise da conversação de dois alunos surdos aprendendo inglês: a organização do reparo. Entretextos, Londrina, v. 10, n. 1, p. 34–54, 2010. DOI: 10.5433/1519-5392.2010v10n1p34. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/5486. Acesso em: 22 jul. 2024.

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Artigos