A pintura é um silêncio? Ou qual a voz da pintura?

Resumo

Neste trabalho examinaremos o processo pictórico e a pintura a partir da perspectiva que relaciona literatura e oralidade. Trataremos dos procedimentos do artista visual brasileiro Eduardo Berliner (1978) e de uma de suas pinturas, Leda e o Cisne (2015), com a qual o artista retoma um dos mitos gregos. De modo amplo, tomam-se os estudos da oralidade como o resgate de um ponto fundamental do estabelecimento das relações entre os seres e o mundo, que, embora invisível, vigente. Assim, verificar-se-á, por meio dos desvios estabelecidos nas análises, os procedimentos e a pintura de Berliner como locus de vigência de aspectos primários da oralidade, assim como questões da performance e do mito, trazendo à tona mais uma via de compreensão da pintura, sendo ela também possibilidade de espaço de resistência à relação com o mundo somente pela via da razão. Tomamos como base o pensamento de Walter Ong, Paul Zumthor e Michele Sominsen, entre outros autores, cujas visões nos auxiliaram na perspectiva de uma compreensão mais ampla sobre a pintura e os procedimentos que a envolvem, dando-nos a perceber a presença da oralidade, também nessa esfera, de modo a ampliar a apreensão sobre as relações entre a humanidade e o mundo.