The Facecious Tale
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2008v3.e31760Abstract
Na diversidade de formas e de temas da literatura oral coletada pela pesquisa da Bahia, encontram-se as facécias, um dos tipos de conto mais recorrentes, a ponto de caracterizar certas comunidades narrativas. Diferentemente do conto maravilhoso ou de encantamento, geralmente transmitido por mulheres no ambiente familiar, a facécia se caracteriza por ser um gênero preferido por narradores do sexo masculino e muito freqüentemente transmitido em ambiente público: na venda do lugarejo ou no bar, onde se agrupam para tomar uma pinga com os amigos, espaço ideal para o riso solto estimulado pelos causos, piadas e contos picantes. Nesse ambiente masculino, de certa forma a presença feminina é interditada. O recato, conduta de comportamento estimulado e socialmente aceito para a mulher e reafirmado pela tradição, não permite em espaço privado, onde normalmente ela atua, a prática de narrativas de temas licenciosos. Daí a dificuldade de recolha desse tipo de texto em entrevistas feita por mulheres. O informante justifica-se dizendo tratar de temas pesados, ou seja, não próprios para os delicados ouvidos femininos. Esse poder masculino é tão inibidor que em entrevistas com casais, a mulher geralmente se cala deixando a voz com o homem.
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