Rebentação de ruídos, palavras e gestos: notas para possibilidades outras de compreensão da linguagem nos pluriversos amazônicos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2025v20.e53189

Palavras-chave:

Pororoca, Linguagem, Epistemologias indígenas, Rizoma, Pluriversos amazônicos

Resumo

O presente artigo propõe um exercício de reflexão sobre deslocamentos epistemológicos e poéticos provocados pelo verbete “Pororoca — e seus arredores” (2018), de José Amálio de Branco Pinheiro. A análise parte da confluência entre correntes teóricas e poéticas, em especial aquelas enraizadas nas culturas amazônicas e indígenas, para pensar a linguagem não como sistema estável de signos, mas como corpo, travessia e experiência. Em diálogo com autores como Deleuze (1997), Glissant (2005), Kopenawa e Albert (2015), Albuquerque (2021), Krenak (2019) e Neves (2023), o texto aponta para uma crítica às abordagens ocidentais centradas na representação e na lógica do Eu, defendendo, em contrapartida, uma escuta radical do Outro. A pororoca emerge como imagem e matéria linguística, metáfora de uma ética da palavra em constante rebentação, onde ouvir se torna mais fundamental do que definir. Trata-se de uma abertura ao sensível e à pluralidade de mundos que habitam as sonoridades, movimentos e silêncios da linguagem nas margens.

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Biografia do Autor

Bruna Wagner, Universidade Federal do Acre

Doutora em Letras: Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre – UFAC.

Juliana Feitosa Albuquerque, Universidade Federal do Acre

Mestra em Letras: Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre – UFAC.

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Publicado

2025-10-29

Como Citar

WAGNER, Bruna; ALBUQUERQUE, Juliana Feitosa. Rebentação de ruídos, palavras e gestos: notas para possibilidades outras de compreensão da linguagem nos pluriversos amazônicos. Boitatá, Londrina, v. 20, n. 39, p. 1–11, 2025. DOI: 10.5433/boitata.2025v20.e53189. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/53189. Acesso em: 25 dez. 2025.