“A ferida aberta era um silêncio todo meu, dor sem parceria”: posicionamentos axiológicos antirracistas no projeto de dizer do conto “Metamorfose”, de Geni Guimarães

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2025v20.e53003

Palavras-chave:

Gênero discursivo conto, Axiologias sociais, Dialogismo

Resumo

Este artigo, fruto de um trabalho maior desenvolvido no contexto da Amazônia paraense, apresenta uma análise dos aspectos sociais e verbo-visuais do conto “Metamorfose”, de Geni Guimarães, que contempla a temática do racismo vivenciado pela personagem no âmbito escolar. A análise, que precedeu a elaboração didática de uma proposta de intervenção implementada na educação básica, ampara-se no dialogismo, proposto pelo Círculo de Bakhtin, especialmente nos conceitos axiológicos (Volóchinov, [1926]/2017) e nos estudos de pesquisadores que seguem essa vertente. Os objetivos consistem em compreender de que forma os aspectos sociais influenciam na escrita do enunciado e verificar de que maneira os recursos linguístico-enunciativos evidenciam as apreciações valorativas da enunciadora. A análise considerou a dimensão social, em que foram observados os aspectos históricos e sociais da época em que a obra foi produzida, e a dimensão verbo-visual do enunciado, a considerar as ilustrações que o acompanham e os recursos da língua em prol da produção de sentidos do conto. Os resultados evidenciam que “Metamorfose” busca revelar que a transformação não acontece apenas como uma conscientização individual, representada na figura da protagonista, mas no sentido abrangente, de descortinar o social, de provocar uma metamorfose visando à construção de valores sociais antirracistas.

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Biografia do Autor

Ana Paula Oliveira da Silva, Secretaria de Estado de Educação do Pará

Mestra em Letras pelo Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) da Universidade Federal do Pará.

Márcia Cristina Greco Ohuschi, Universidade Federal do Pará

Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. Docente da Universidade Federal do Pará.

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Publicado

2025-12-09

Como Citar

SILVA, Ana Paula Oliveira da; OHUSCHI, Márcia Cristina Greco. “A ferida aberta era um silêncio todo meu, dor sem parceria”: posicionamentos axiológicos antirracistas no projeto de dizer do conto “Metamorfose”, de Geni Guimarães. Boitatá, Londrina, v. 20, n. 39, p. 1–13, 2025. DOI: 10.5433/boitata.2025v20.e53003. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/53003. Acesso em: 11 dez. 2025.